Cães e gatos estão mudando a forma de encarar o fim da vida: entenda como a terapia assistida por animais vem ganhando espaço em hospitais brasileiros

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Cães e gatos

O toque de um focinho gelado, um olhar carinhoso ou o simples ato de acariciar um animal pode mudar o dia de um paciente em cuidados paliativos. Em hospitais brasileiros, como o Sírio-Libanês, a chamada terapia assistida por animais (TAA) tem ganhado força, mostrando que afeto também é tratamento.

“Nos cuidados paliativos, o foco é qualidade de vida, e os animais se tornam aliados para resgatar memórias, despertar sorrisos e proporcionar momentos de alegria genuína”, afirma a enfermeira e médica veterinária Patrícia Ferreira da Silva, docente convidada da pós-graduação em Cuidados Paliativos do Hospital Sírio-Libanês.

De acordo com o Ministério da Saúde, cuidados paliativos são ações voltadas para o bem-estar e a qualidade de vida de pessoas que enfrentam doenças graves, assim como de seus familiares. A abordagem busca prevenir e aliviar o sofrimento físico, emocional, social e espiritual, oferecendo suporte integral à saúde1.

Estudos apontam que a presença de cães e gatos pode trazer benefícios fisiológicos e psicológicos neste contexto. Em apenas 15 minutos de interação, aumentam os níveis de ocitocina – hormônio responsável pelo bem-estar – e diminuem os de cortisol, ligado ao estresse2. Os resultados mostram, ainda, melhora do humor, maior controle da pressão arterial, alívio da dor e impactos positivos na autoestima, comunicação e socialização.

“É emocionante ver um paciente que não sorria há dias se abrir em gargalhadas com a chegada de um cão terapeuta”, diz Patrícia. Embora seja mais difundida entre crianças com câncer em fase avançada, esse tipo de abordagem também beneficia idosos, pacientes com Alzheimer e até crianças em consultórios odontológicos.

Entretanto, é importante destacar que nem todos os animais estão aptos a participar de programas de TAA. “Os candidatos passam por uma avaliação rigorosa e devem seguir critérios como apresentar comportamento dócil, treinamento básico, boas condições de saúde – comprovadas por atestado veterinário atualizado, vacinação em dia, vermifugação e higiene adequadas”, diz Patrícia.

A enfermeira explica ainda que, durante as visitas, são seguidos protocolos rígidos de higiene, manipulação e segurança, como a proteção de leitos com material adequado e a restrição de acesso a áreas de preparo de alimentos e de realização de procedimentos invasivos.

“Os animais ajudam pela presença e pela habilidade de dar e, principalmente, receber carinho. Eles resgatam a humanidade em momentos em que o paciente mais precisa”, conclui a especialista.

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