O Brasil vive uma explosão de contratações via Pessoa Jurídica. As empresas buscam flexibilidade, redução de custos e agilidade nas admissões, enquanto muitos profissionais enxergam no PJ a promessa de um salário maior e mais autonomia. Mas essa equação nem sempre fecha.
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Segundo o Consultor Financeiro/Carreira Robson Profeta, que acumula 35 anos de experiência em grandes corporações como PwC, Amil, Embratel e Oliver Wyman, a maioria das pessoas compara apenas o valor mensal oferecido e, por isso, acaba aceitando propostas que trazem prejuízo ao fim do ano.

Hands of female entrepreneur working with bills and documents
PJ a confusão
A confusão é tão grande que 8 em cada 10 brasileiros afirmam não saber calcular a diferença real entre CLT e PJ. É um erro que pode custar caro. “A pessoa vê um salário de PJ aparentemente mais alto, mas ignora férias, 13º, FGTS, benefícios isentos de impostos e até custos operacionais que ela nunca teve. Quando coloca tudo na ponta do lápis, muitas vezes descobre que ganhou menos do que ganharia no regime CLT”, explica Profeta.
O tema virou debate dentro das empresas. A pergunta mais comum hoje é: “Vale a pena virar PJ?” A resposta depende de cálculos que, na prática, quase ninguém faz. Profeta traz um exemplo simples: um PJ de R$ 20 mil pode valer menos do que um CLT de R$ 15 mil, dependendo do pacote de benefícios e da carga tributária. “O valor que chega na conta engana. O que importa é o total anual, já descontados todos os encargos e somados todos os direitos”, afirma.
Entre os pontos mais esquecidos estão justamente os que fazem maior diferença no orçamento. Benefícios como vale-refeição, plano de saúde, previdência privada, auxílio-creche e bônus corporativos podem representar milhares de reais por mês e desaparecem no modelo PJ. A isso se somam custos ocultos, como contabilidade, impostos da empresa, pró-labore, INSS e até despesas para abrir a firma fora do Simples Nacional. “No fim do ano, muitos descobrem que trabalharam mais para ganhar menos”, destaca Profeta.
Uma tendência crescente no mercado é o modelo 50/50, em que empresa e profissional dividem encargos para chegar a valores mais equilibrados. Segundo o consultor, é um formato ainda pouco difundido, mas com grande potencial de expansão. “É uma alternativa intermediária que pode trazer equilíbrio para ambas as partes”, avalia. Para facilitar a comparação, Profeta ensina uma fórmula objetiva que qualquer profissional pode aplicar em casa. O cálculo deve considerar: Salário CLT | 13º | férias + 1/3 | FGTS | multa rescisória | benefícios | impostos do PJ | custos administrativos e contábeis.
É dessa soma que nasce a resposta real sobre qual modelo oferece maior ganho anual. O regime PJ pode, sim, ser vantajoso, especialmente quando há liberdade de atuação, múltiplos clientes, renda variável, menos burocracia e enquadramento tributário favorável. Mas há também situações claramente desvantajosas e até ilegais, como subordinação típica de CLT, ausência de proteção trabalhista e perda total de benefícios.
A discussão mexe diretamente com o bolso do trabalhador e, por isso, desperta tanta atenção. Em um cenário de inflação elevada e incerteza econômica, entender a diferença entre os regimes não é mais uma escolha técnica: tornou-se uma estratégia de carreira. “Informação financeira é poder de negociação. Quem sabe fazer a conta negocia melhor e para de perder dinheiro”, resume o consultor.
O tema afeta milhões de brasileiros, derruba mitos que circulam nas redes e oferece ao público uma ferramenta simples para negociar propostas mais vantajosas. No fim das contas, a pergunta não é apenas quanto pagam por mês e sim quanto sobra de verdade no bolso ao longo do ano.
Serviço: RP Consultoria
Robson Profeta
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