Uma empresa francesa vai fabricar perfumes que recriam o odor de uma pessoa falecida a partir de roupas que ela usava.Katia Apalategui, fundadora da pequena empresa Kalain (uma alusão à palavra calin ou “carinho”, em francês) contou à BBC Brasil que a ideia surgiu há sete anos, quando seu pai faleceu por motivos de saúde.”Algumas pessoas mantém os laços com quem faleceu por meio de fotos ou vídeos. Eu precisava sentir de novo o cheiro do meu pai”, afirma.”Um dia disse isso à minha mãe e ela me contou que sentia a mesma necessidade e que por isso nunca havia lavado a fronha do travesseiro dele”, diz Katia.”Pensei que se há duas loucas que pensam dessa forma, talvez outras pessoas também sentissem a mesma necessidade”, conta.Foi um longo percurso até tornar o perfume realidade. Katia, que trabalha como corretora de seguros, bateu em inúmeras portas e passou dois anos procurando um laboratório capaz de desenvolver a fragrância até encontrar a Unidade de Química Orgânica e Macromolecular (Urcom) da Universidade do Havre, na Normandia, especializada em moléculas odorantes.O laboratório universitário desenvolveu uma técnica que permite reproduzir o odor humano a partir de um tecido usado pela pessoa.”Pegamos a roupa da pessoa e extraímos o cheiro dela, o que representa mais de 50 moléculas, e o reconstituímos sob a forma de um perfume, no álcool, após quatro dias”, explica Géraldine Savary, da Urcom.”O cheiro de cada pessoa varia em função de sua alimentação, de cremes e perfumes que ela utiliza, de possíveis doenças, tudo isso misturado representa uma espécie de assinatura olfativa de cada um”, explica Katia.Em seguida ela, ela encontrou um órgão público, a agência regional de inovação da Alta Normandia, que a ajudou a levantar recursos para viabilizar a iniciativa.Esse recursos permitiram que o laboratório da universidade, por exemplo, remunerasse um químico formado pela faculdade.