Nos últimos anos, a Apple tem se destacado por suas inovações em hardware e software. Sua última aposta, o Apple Vision Pro, vinha com a promessa de transformar “a forma como as pessoas trabalham, colaboram, se conectam, revivem memórias e desfrutam de entretenimento”. A interface é semelhante ao iOS, e o aparelho tem câmeras e sensores que permitem que os usuários interajam e controlem as telas apenas com os movimentos dos olhos e das mãos, ou pelo acionamento da Siri.

 

Desde o seu lançamento, a Apple já vendeu mais de 200 mil unidades, mas nos últimos dias, segundo uma matéria do The Varge, um contratempo tem tomado conta: muitas devoluções. Segundo relatos nessa mesma notícia, isso tem acontecido principalmente por conta do peso do aparelho, casos de enjoo e dor de cabeça. Algumas pessoas também relataram dificuldades na navegação.

 

O fato mais curioso nisso tudo se deu a partir de um depoimento do empresário Alexandre Torrenegra, jurado do Shark Tank Colômbia, que comentou sobre o produto não ter nada que o faça utilizá-lo com frequência. E isso acende um alerta: será mesmo que esse produto, que prometia ser um “computador espacial” vai fazer parte do dia a dia das pessoas e principalmente, das empresas? Ainda é cedo para afirmar. Mas assim como outras tecnologias, precisamos avaliar sua aplicação e até mesmo o quanto ela realmente é diferente.

 

É fato que hoje já observamos outros tipos de óculos de realidade virtual dentro de diferentes companhias, em áreas como manutenção de equipamentos, treinamentos e simulações, por exemplo. Mas diferente do que muitos acreditavam, e até mesmo daqueles sonhos de cidades futurísticas, não acho que essa tecnologia substituirá o uso de celulares, tablets e computadores. A 34ª edição da Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de Tecnologia da Informação (TI) e Uso nas Empresas revelou que, em maio de 2023, só o Brasil teria mais de dois dispositivos digitais (2,2) por habitante. De acordo com o estudo, divulgado no último mês de abril, o país possuía 464 milhões de dispositivos digitais, entre computadores, notebooks, tablets e smartphones, em uso tanto em âmbito doméstico quanto corporativo.

 

Tem um caminho bem longo para a Apple, e também outras marcas, percorrer. Ainda assim, acredito que estamos rumo a um futuro muito promissor e digitalizado. E se esse dia chegar, se a realidade aumentada fizer parte da nossa rotina de forma corriqueira, será mais uma ferramenta para ficarmos de olho e, principalmente, para fazermos um gerenciamento completo. Mas não mudará muito em como já fazemos isso, até mesmo porque o MDM, tecnologia muito utilizada por nós, é uma ferramenta de gestão capaz de proporcionar eficiência à administração de qualquer dispositivo móvel de uma empresa. Estamos prontos e ansiosos para o que veremos daqui em diante!

 

*Formado em Ciência da Computação pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), Vinicius Oliverio é fundador da Urmobo, plataforma de gerenciamento de dispositivos móveis e gestão de ativos fundada em 2017, em Ribeirão Preto (SP), ao lado dos sócios Vicente Oliverio e Thiago Carvalho. É responsável pela área de Tecnologia da Informação.