Há quem diga que Marina Silva está em queda nas pesquisas porque tem menos tempo de TV. Resposta simples e conveniente. A questão é mais cascuda.
A base eleitoral de Marina é composta basicamente pela juventude e setores progressistas decepcionados com o PT e à procura de uma alternativa à esquerda. Com Aécio à deriva, parte do eleitorado anti-petista migrou para a embarcação do PSB. 
Entretanto, inflexões à direita murcharam o capital político da santa. A equipe do PSB mudou o programa de governo no capítulo sobre direitos humanos face a críticas disparadas por Silas Malafaia no twitter. Silas gritou e Marina disse “amém-irmão”. Na área econômica o programa de governo da candidata flerta com a agenda liberal e justifica sua aliança com a herdeira do Itaú Neca Setubal. Somam-se a isso as declarações desencontradas de Marina Silva a respeito de temas caros ao progressismo, como casamento gay e lei de anistia, e suas concessões precoces ao ruralismo.
As inflexões à direita da ungida de Neca Setúbal afugentaram a base de esquerda e enfraqueceram a santa a ponto de agora o eleitorado anti-petista retornar pouco a pouco ao ninho tucano.
Marina Silva na atual conjuntura corre sérios riscos de ficar fora do segundo turno. Seu arsenal de contradições atingiu em cheio a embarcação do PSB. Parte de seu eleitorado já vê no bote salva-vidas de Aécio Neves uma chance de evitar naufrágio precoce. 
O PT soube explorar as contradições da principal adversária e vender as conquistas sociais do governo federal. Dilma lidera e é favorita a vencer no segundo turno além da possibilidade cada vez maior de ganhar ainda no primeiro. E pensar que Dilma passou por graves momentos de desidratação política, inclusive no começo da campanha, mas com adversários incautos e um PT que sabe aproveitar seus pontos fortes e surfar nos pontos fracos dos adversários, Dilma mantém-se à frente. 
Favoritismo não garante vitória. Até mesmo Marina Silva em queda pode reagir. Ou Aécio surpreender. Eleição só termina quando acaba, todavia, o quadro eleitoral mostra os adversários da presidente a tropeçarem nas próprias canelas.