A despoluição dos nossos rios é um cenário que, tenho certeza, os paulistas sonham em ver. As pessoas de mais idade podem descrever com mais detalhes como eram os rios antes de tanta poluição e como podiam ser desfrutados para lazer da população e a prática de esportes, com provas de travessia a nado e regatas náuticas.
A partir da década de 1950, no entanto, esse quadro de beleza começou a mudar. Com o crescimento populacional e a instalação desordenada de indústrias, os rios passaram a receber grande volume de esgoto doméstico e industrial, deixando as águas poluídas e contaminadas. ?? triste ver aquelas imagens publicadas em livros escolares de espumas de poluição invadindo os rios.
Diante de tanta degradação, a partir da década de 90 o governo do Estado começou a investir em projetos de recuperação, principalmente do rio Tietê. Ações continuam sendo realizadas, tanto na capital como no interior, com altos investimentos. Para que as águas voltem a ter o mínimo de qualidade, há ainda um longo tempo a ser percorrido e grandes desafios a serem enfrentados.
Muito se falou recentemente sobre a despoluição do rio Pinheiros, que banha a cidade de São Paulo, com nova tentativa do governo de escolher uma técnica para despoluí-lo. ?? louvável a preocupação do Estado, mas na minha opinião não deveria ter sido abandonado o sistema de flotação no curso do rio (Flotflux) em 2011. Entendo que a solução definitiva do problema passa pelo tratamento do esgoto em sua totalidade. Enquanto isso não acontece, a técnica da flotação é uma solução imediata para despoluir o Pinheiros em um tempo menor e com custo menor.
A poluição do rio afeta a vida das pessoas que moram e trabalham naquela região, o mau cheiro é incômodo. Daí a necessidade de aplicação de uma técnica com resultados mais rápidos, como a flotação. O Rio de Janeiro, que tem pressa em arrumar a casa para os Jogos Olímpicos de 2016, tem utilizado esse sistema com a implantação de diversas Unidades de Tratamento de Rios (UTRs).
O Comitê Olímpico Nacional e Internacional escolheram o sistema Flotflux como a tecnologia capaz de tratar no tempo disponível os rios poluídos que descarregam no Sistema Lagunar de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Baía de Guanabara. Ainda no Rio de Janeiro, há outros exemplos muito positivos, como o Piscinão de Ramos e o tratamento do rio Arroio Fundo, na Vila do Pan, por ocasião dos Jogos Pan-Americanos em 2007.
Da mesma forma funciona em São Paulo no lago do Parque do Ibirapuera, no Parque da Aclimação, no Horto Florestal, no Zoológico e, em Minas Gerais, na Lagoa da Pampulha. Estranho que o sistema tenha sido abandonado no rio Pinheiros, mesmo com a comprovação da eficácia da técnica da flotação em fluxo por órgãos de fiscalização ambiental (Cetesb, Secretaria de Meio Ambiente e a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica ??? FCTH, da USP).
A tecnologia existe, é brasileira, funciona, atende às legislações, foi implantada em diversas localidades do país com resultados comprovados e com reconhecimento dos órgãos de controle ambientais. Respeito a opinião dos que pensam diferente, mas considero que a técnica da flotação é viável para o Pinheiros, como alternativa imediata para despoluição do rio, garantindo mais qualidade de vida à população.