O potencial das células-tronco retiradas do tecido do cordão umbilical vem sendo analisado como alternativa em tratamentos para inúmeras doenças. Mais perto do que parece, a coleta e o armazenamento dessas células promissoras, capazes de dar origem a cartilagens, ossos, músculos, tendões e gorduras, chega ao interior do estado de São Paulo inserida em um cenário otimista dentro da medicina regenerativa.
Conhecidas na área médica como células-tronco mesenquimais, seu uso terapêutico é investigado pelos mais conceituados centros de pesquisas do mundo no tratamento de doenças como diabetes, cirrose hepática, doenças cardíacas, Alzheimer, câncer de mama, acidente vascular cerebral (AVC), entre outros.
Quando retiradas do tecido do cordão umbilical, essas células são puras e ainda não sofreram nenhum tipo de exposição a vírus, bactérias e ao meio ambiente, o que garante um menor risco de complicações caso seja necessário utilizá-las futuramente. O cordão umbilical, rico nesse tipo de células, na maioria das vezes é jogado no lixo após o nascimento do bebê.
Apesar de ainda não estar disponível para aplicação imediata em pacientes no Brasil, a coleta e armazenamento das células retiradas do tecido do cordão umbilical já é realizada por centros de tecnologia celular brasileiros. De acordo com o diretor médico da Biocells Brasil ??? Banco de Armazenamento de Células-Tronco do Cordão Umbilical -, Dr. Daniel Rubim, estima-se que o uso dessas células seja liberado no país em dois anos.
???As células-tronco mesenquimais obtidas através do tecido do cordão umbilical possuem características exclusivas que possibilitam um aumento da resposta imunológica e da regeneração dos tecidos. Em virtude do grande potencial terapêutico, diversos estudos estão sendo realizados e existe a possibilidade de que nos próximos dois anos os pacientes brasileiros possam ser beneficiados com transplante dessas células???, acredita Rubim.
No exterior, os estudos científicos com as células-tronco mesenquimais encontram-se em estágios avançados, sendo que já existem registros de resultados positivos em pacientes portadores de doenças crônicas degenerativas, lesões do esporte, doenças cardíacas, entre outras. Aproximadamente, 200 doenças que afetam os seres humanos poderão ser tratadas com o uso de células-tronco mesenquimais.
Após coletadas e armazenadas, elas podem ser utilizadas de duas maneiras: no modo autólogo, quando o paciente recorre às próprias células-tronco, sendo 100 % compatível, ou de maneira alogênica, quando é utilizada por irmãos ou parentes próximos, com probabilidade de 25% de compatibilidade. A coleta é simples e realizada no momento do parto pelo médico ou por uma equipe especializada. Sem alterar a rotina do parto, o procedimento é totalmente indolor tanto para a mãe como para o bebê.
Diretor executivo da Biocells Brasil, André Feldman considera esse avanço como algo promissor para a sociedade. ???Apesar dos tratamentos com células-tronco mesenquimais ainda não estarem reconhecidos pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), sua armazenagem já foi reconhecida e regulada pela Anvisa. Portanto, esse procedimento, em conjunto com a armazenagem do sangue do cordão umbilical, melhora a opção de cobertura em tratamentos futuros???, disse.