Uma importante tecnologia está com possibilidade de ser incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com câncer de próstata e o processo recebe o respaldo técnico-científico, baseado em evidências, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

O tema em questão é a abertura da Consulta Pública Conitec/SECTICS nº 50/2025, que fala acerca da prostatectomia radical assistida por robô para o tratamento de pacientes com câncer de próstata clinicamente localizado ou localmente avançado. Por meio deste sitequalquer pessoa pode dar o seu parecer sobre a incorporação da tecnologia durante preenchimento de breve formulário.

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Atualmente, o tratamento mais comum para pacientes com câncer de próstata no SUS é a prostatectomia radical aberta, um procedimento tradicional e amplamente utilizado, que exige grande experiência do cirurgião. Com o avanço da tecnologia, a prostatectomia robótica tem ganhado destaque por permitir movimentos mais precisos, maior preservação de estruturas e, consequentemente, menor risco de complicações como incontinência urinária e disfunção erétil. Por ser minimamente invasiva e controlada por um médico especialista por meio de um robô, essa técnica tem demonstrado melhores resultados na recuperação dos pacientes.

Consulta Pública sobre cirurgia robótica no SUS para câncer de próstata está aberta até o dia 14

A Recomendação Preliminar da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) é desfavorável à incorporação, com a observação de que as evidências científicas disponíveis são heterogêneas e de baixa qualidade, o que inviabiliza, segundo a Comissão, a comprovação de superioridade clínica consistente em relação às técnicas já existentes. A Conitec destacou também a necessidade de se revisar as análises de impacto orçamentário, incluindo de forma explícita os custos relacionados à aquisição do equipamento.

POSICIONAMENTO OFICIAL DA SBCO e o SUS

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, representada por seu presidente, Rodrigo Nascimento Pinheiro, com profundo respeito e rigor científico, manifesta seu apoio à incorporação da prostatectomia radical robótica no Sistema Único de Saúde, visando aprimorar o tratamento do câncer de próstata em estágios localizados ou localmente avançados.

O documento da SBCO ressalta que a prostatectomia radical robótica (RARP) tem sido amplamente estudada em comparação com a prostatectomia radical laparoscópica (LRP) e a prostatectomia radical aberta (ORP) para o tratamento do câncer de próstata localizado. A literatura médica sugere que a RARP pode ser uma opção, especialmente quando realizada em centros com alto volume de casos, devido a várias vantagens clínicas e econômicas.

Em termos de custo-efetividade, a RARP tem demonstrado ser mais custo-efetiva do que a LRP e a ORP em vários estudos. Por exemplo, um estudo realizado no Reino Unido mostrou que a RARP é uma opção dominante em relação à LRP, com maior ganho em anos de vida ajustados pela qualidade (QALYs).[1]. Além disso, uma revisão sistemática concluiu que a RARP tende a ser mais custo-efetiva ao longo de horizontes temporais mais longos.[2].  As vantagens clínicas da RARP incluem menor morbidade perioperatória, como menor necessidade de transfusões sanguíneas e menor tempo de internação hospitalar, em comparação com a ORP.[3] 

Além disso, a RARP tem sido associada a uma menor taxa de margens cirúrgicas positivas, o que pode impactar positivamente nos resultados oncológicos a longo prazo.[4-5] A centralização da RARP em hospitais com alta capacidade de casos pode reduzir os custos totais do procedimento, tornando-o ainda mais custo-efetivo.[6]

Considerando a gestão de listas de espera, a RARP pode ser uma escolha preferencial em centros com alta capacidade de casos, onde os benefícios clínicos e econômicos são maximizados.[4-5]. A SBCO reforça que a disparidade no acesso a tecnologias avançadas entre os sistemas privado e público é uma preocupação substancial. Introduzir a cirurgia robótica no SUS representa um avanço importante para mitigar essa desigualdade, promovendo equidade no tratamento e assegurando que mais pacientes possam se beneficiar dos melhores cuidados disponíveis.

Além disso, a técnica robótica tem mostrado sua eficácia na formação de novos profissionais, reduzindo a curva de aprendizado ao permitir treinamentos em ambientes controlados e supervisionados.

A presença de consoles duais nas plataformas robóticas proporciona um ambiente de aprendizado robusto, imprescindível para a formação de cirurgiões altamente qualificados. “Acreditamos que a adoção da prostatectomia radical robótica nos hospitais públicos propiciará a padronização e incremento na qualidade dos procedimentos realizados. Isso contribuirá não apenas para atrair e manter profissionais de excelência no sistema público, mas também para otimizar a infraestrutura hospitalar existente, reduzindo custos indiretos para o sistema”, afirma Pinheiro.

Considerando estes aspectos, a SBCO manifesta seu pleno apoio à inclusão da prostatectomia radical robótica no SUS, ancorada em um processo decisório que seja transparente e baseado em evidências científicas de alta qualidade e convida a população a se posicionar por meio da Consulta Pública.

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