As projeções são cada vez mais desafiadoras em relação ao envelhecimento da população no estado de São Paulo e no Brasil como um todo. Segundo a Fundação Seade, responsável por coletar e analisar dados no estado, até o ano de 2050 a população de paulistas idosos vai triplicar em relação a hoje. Estamos falando de pouco mais de 30 anos, que passam muito rápido.    Esse envelhecimento da população se deve à melhoria geral nas condições de vida. Com essa melhoria, a expectativa de vida aumentou e deve crescer ainda mais. Em 2010, a expectativa de vida para o homem morador de São Paulo era de 71,44 anos e, para as mulheres, era de 78,60 anos.    A diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres tem muitas explicações. Uma delas é que os homens cuidam menos da saúde que as mulheres. Eles demoram muito, por exemplo, para fazer exames preventivos, que as mulheres realizam mais cedo e em maior número. Outra explicação é que, infelizmente, a violência tem ceifado muitas vidas, em sua maioria no sexo masculino.     De qualquer modo, homens e mulheres estão envelhecendo mais. Em 2050, a expectativa de vida em São Paulo será de 79,07 anos para a população masculina e de 84,20 anos para a feminina.     Em princípio é uma boa notícia. Entretanto, a realidade é que a sociedade paulista e brasileira ainda não está se preparando como deve para o envelhecimento da população. Hoje mesmo já são milhares de idosos que sofrem com a falta de cuidados adequados. O quadro pode piorar muito se não forem tomadas imediatamente as medidas necessárias.     ?? preciso readequar a área da saúde, da habitação, do transporte, da assistência social em geral, para que os nossos idosos tenham de fato a dignidade que merecem. O Brasil tem um Estatuto do Idoso, aprovado em 2003, mas em 15 anos muitas das metas que ele previa ainda não saíram do papel.         Entre outros pontos a serem considerados, é preciso ampliar consideravelmente a rede de Centros Dia do Idoso, um espaço onde devem ser acolhidos os idosos em situação de vulnerabilidade ou risco social. Também é fundamental criar novas políticas de inclusão dos idosos em projetos de esporte, cultura e lazer. E, claro, dar mais atenção sobretudo à saúde do idoso, ampliando-se os programas de prevenção e cuidados quando necessários.     Creio que, para que novas políticas públicas voltadas para o idoso funcionem de fato, é preciso antes de mais nada mudar a forma como a sociedade olha esse grupo populacional. O idoso merece todo o respeito, por tudo o que já fez e ainda pode fazer, pela família, pela sociedade em geral. Mas para que nossos idosos tenham a dignidade desejada, é preciso começar desde já as mudanças necessárias.
Dirceu Dalben