DEPOIS DE PIKETTY, que, como o próprio título anuncia, é uma resposta a Thomas Piketty, ou mais especificamente, a seu livro O capital no século XXI, marco para pensar a economia no Ocidente.

Economistas e Thomas Piketty fazem pós leitura de "O capital no século XXI"

Essa resposta é organizada pelos economistas e professores Heather Boushey, J. Bradford DeLong e Marshall Steinbaum, que sintetizam e escrevem sobre o trabalho do francês. O volume conta com capítulos de diversos colaboradores, estudiosos do assunto, que discutem questões problemáticas e ignoradas de O capital no século XXI.

O próprio Thomas Piketty escreve o capítulo de conclusão, considerando os apontamentos feitos ao longo do livro e tentando respondê-los.

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É sem dúvida um livro para professores, economistas, políticos, acadêmicos, mas é também de interesse geral, já que discute seriamente o problema de desigualdade de renda e, portanto, de modo de vida. A linguagem, embora nem sempre consiga abdicar de termos específicos, é fluída o suficiente para que os leitores possam acompanhar e ampliar o entendimento do modelo econômico em que todos estamos inseridos.

SOBRE A OBRA

O capital no século XXI, de Thomas Piketty, é a obra de economia mais amplamente discutida dos últimos anos, tendo vendido milhões de exemplares em diversos idiomas, inclusive com grandes resultados no Brasil. Mas até que ponto suas análises de desigualdade e crescimento econômico são precisas? Em que direção os pesquisadores deveriam ir para explorar as ideias que Piketty impôs à linha de frente da discussão global? Um elenco de economistas e cientistas sociais confrontam essas questões em franco diálogo com Piketty.

Depois de Piketty abre com uma discussão de Arthur Goldhammer, o tradutor de O capital no século XXI para o inglês, sobre as razões para o sucesso fenomenal do livro seguida de artigos assinados por Paul Krugman e Robert Solow, ambos Nobel de Economia. O restante do livro é composto por ensaios encomendados para interrogar e analisar os argumentos de Piketty. Suresh Naidu e outros contribuidores questionam se Piketty falou o suficiente sobre o poder, a escravidão e a complexa natureza do capital. Laura Tyson e Michael Spence consideram o impacto da tecnologia na desigualdade. Heather Boushey, o ex-economista-chefe do Banco Mundial Branko Milanovic e outros refletem sobre tópicos que vão de gênero a tendências no Sul global. Emmanuel Saez estabelece uma agenda para futuras pesquisas sobre a desigualdade, enquanto outros ensaístas examinam as implicações do livro para as ciências sociais de maneira mais ampla, como Elizabeth Jacobs, esta na espreita do entrecruzamento de Piketty com a política.

Piketty responde a essas questões no capítulo de conclusão, com um texto substancial no qual não se esquiva de abordar eventuais omissões e delinear novas abordagens, inclusive se debruçar mais sobre as economias emergentes. Indispensável obra interdisciplinar, Depois de Piketty não foge aos problemas aparentemente complexos que fizeram de O capital no século XXI um livro tão instigante para inúmeros leitores.

Com Depois, a Estação Liberdade volta a se ocupar de economia numa visão keynesiana, iniciado algum tempo atrás com a publicação de Teoria da regulação, de Robert Boyer, simultaneamente inspirador e crítico de Piketty. Seguiremos no segundo semestre de 2023 com Crashed: como uma década de crise financeira mudou o mundo, a notável obra de Adam Tooze sobre a crise financeira de 2008 e suas consequências.