O mundo todo está em alerta desde que o Coronavírus (COVID-19) virou uma ameaça para a sociedade, contaminando milhares de pessoas em um curto período de tempo. E no Brasil não é diferente. Os governantes têm tomado várias medidas de proteção à saúde pública e prevenção ao contágio. Parte da população aderiu ao cenário de quarentena voluntária. Mesmo não sendo ainda uma medida obrigatória em todo país, é uma forma de resguardar a saúde e diminuir a proliferação do vírus. Para as fintechs, startups que trabalham para inovar e otimizar serviços do sistema financeiro de forma online, o grande objetivo neste momento de crise global é facilitar a vida do consumidor e, também, tentar amenizar seu próprio prejuízo financeiro. ?? importante pontuar que todo o sistema financeiro nacional continua operando normalmente – pagamentos de boletos bancários, transações de crédito e compensações de cheque. ???O Banco Central (BC) tem se mostrado extremamente ativo e bastante parceiro das empresas financeiras. Mas vale lembrar que o Banco Central também está remoto. ?? impressionante ver as instituições brasileiras funcionando tão bem remotamente e deixando esse sistema sem atritos???, destaca o Product Owner da fintech Juno, Gabriel Falk. Para o especialista, as fintechs que vão sobreviver ao período conturbado são aquelas que conseguirão entender as adversidades do mercado, além de remodelar seu próprio formato de trabalho, cooperando de uma maneira colaborativa com o cliente. Além do papel de prestadoras de serviços pelos quais foram contratadas, as empresas de tecnologia terão que trazer soluções para clientes que não são financeiramente educados, e que provavelmente não aguentariam a crise sozinhos. ???Vamos ter muita rolagem de dívida, com o governo disponibilizando liquidez a pequenos empresários, então as empresas também têm que estar cientes desses movimentos macroeconômicos e das mudanças no mercado. Será fundamental se adequar e informar os clientes sobre o novo cenário, tentando deixar tudo muito mais claro???, afirma Falk.
As dificuldades irão fortalecer as fintechs
De acordo com especialistas, o maior desafio dos brasileiros nos próximos meses será honrar compromissos financeiros. ???O empreendedor brasileiro está tendo uma tomada de risco muita alta. O perfil do consumo no país tem mais da metade das cobranças do varejo feitas de forma parcelada. Analisando isso, é possível perceber que o cenário das pessoas sendo demitidas, perdendo suas fontes de renda, será muito perigoso, refletindo em todo mercado a curto e médio prazo???, detalha Falk. A falta de pagamento vai resultar na diminuição de caixa das empresas, que também têm seus compromissos financeiros. Ou seja, um ciclo virtuoso de perdas tomará conta do país. ???Nós, como empresa de tecnologia, temos que pensar em como trazer recursos para os nossos clientes, tudo para garantir um nível interessante de receita com a menor interferência possível nos serviços e sem criar muitos atritos com os pagadores. Esses serão os grandes desafios das empresas: honrar seus compromissos e fazer seu negócio continuar rodando de uma maneira clara e transparente, sem chiados do lado do cliente final???, explica Falk.
Sendo assim, o empreendedor precisa olhar para o cliente final e se colocar na posição dele. ???A verdade é: o consumidor final de todo mundo mudou. O consumidor final do mês passado já não é mais o mesmo, o perfil mudou. Deixou de ser agressivo, gastador, e se tornou um cara mais precavido, mais temeroso, e de certa forma com razão???, comenta. ???Então, como que você, olhando para um viés de educação financeira, consegue estar do lado do seu cliente afinal? Sua persona não é mais a mesma, nem o seu cliente ideal. Precisamos nos adequar a isso também???, complementa o especialista.