Há muitos significados para autoestima, alguns até pejorativos. Muitas vezes, alguém se refere à outra pessoa com grande autoestima como ???metida???. Entretanto, há um consenso da importância de se ter uma sensação da nossa própria relevância e autovalorização.
Para Virginia Satir, mãe da terapia familiar e expoente da psicologia humanista, nutrir e desenvolver a autoestima são fundamentais. Para ela, cada pessoa é uma manifestação da força vital, que recebeu o presente maravilhoso de um Espírito Interno que ela chama de Self. Este é um ponto muito importante, pois tudo converge no sentido de reconectar a pessoa ao Self, ao espírito interno e à força vital. ?? quando estamos conectados a esses elementos que nosso senso de autovalor se amplia.
Ao longo da vida, especialmente no convívio com a nossa tríade de origem – pai e mãe ou quem quer que tenha nos acolhido e acompanhado na infância e adolescência -, verificamos que dentro de nós vão ocorrendo movimentos que nos afastam desse estado de centramento e autovalor. Como pequenos seres curiosos, observamos tudo e aprendemos, sugando como esponjas, todas as informações. Paralelamente, estabelecemos um modelo interno de como vamos funcionar, muitas vezes durante o resto de nossas vidas.
Posso ter recebido muitas informações, verbalizadas ou não, explícitas ou implícitas. Posso ter aprendido que só trabalhando duro é possível alcançar tudo o que quero ou que não importa o que faça, nunca serei bom o suficiente. Que é perigoso expressar o que sinto e quero, ou, ainda, que não devo expressar nada. Para atingir o que desejo, devo usar sempre minha raiva com violência. Essas podem ter sido mensagens gravadas tão profundamente que as levo comigo onde estiver: nos meus relacionamentos, ambiente profissional, na minha vida pessoal, etc.
O importante aqui é entender que tudo isso são apenas aprendizados e que, provavelmente, nos foram muitos úteis. Talvez a melhor maneira e os únicos recursos disponíveis para que conseguíssemos chegar até o dia de hoje. No entanto, isso pode nos ter custado um preço muito alto. Fizemos sacrifícios, nos distanciamos daquela força vital, do nosso Self, sacrificamos a nossa autoestima.
Na aplicação de qualquer ferramenta do modelo Satir, temos então um convite: dar um passo para trás e, de certa distância, observar e tomar consciência desses aprendizados. Ao tomar conhecimento disso, podemos optar e agir de uma maneira diferente. Considero esse aprendizado que tive muito útil naquela época, mas agora não mais.
Hoje, agradeço e digo ???muito obrigada, mas agora você não me serve mais, vou mandá-lo para o Museu da História de minha vida???. Nesse momento, abro espaço e renovo meus aprendizados. Faço um upgrade com versões mais sintonizadas com meu sentido de Self e que valorizam e nutram minha autoestima.
Posso dizer, por exemplo, que ???só trabalhando duro consigo o que quero??? foi muito importante para mim. Entretanto, traz um sentido de peso que me distancia de viver com prazer, aumenta meus níveis de estresse e prejudica meus relacionamentos. Por isso, eu posso optar por substituí-lo por outro: ???posso relaxar e trabalhar duro quando necessário???.
E, a partir deste novo entendimento, procuro fazer um compromisso com novas práticas e busco recursos que me fortaleçam e deem suporte ao longo do meu caminho futuro.
Esse é um processo de valorização do Self e desenvolvimento da autoestima. Pode parecer simples, mas é profundo e poderoso.
*Ana Guitián Ruiz é Coach, representante no Brasil do Instituto Virgínia Satir da Alemanha (www.virginiasatir.de) e uma das organizadoras da Formação no Modelo de Validação Humana Virginia Satir (www.virginiasatir.com.br).
Sobre Ana Guitián Ruiz
?? coach e organiza formações na área no Brasil. Graduou-se em Arquitetura pela FAU USP e, posteriormente, se interessou e aprofundou seus estudos na promoção do desenvolvimento humano.
Fez extensos treinamentos em Relações do Self, Estados e Mudança Generativa, com Stephen Gilligan e Robert Dilts, além de outros com Eva Wieprecht na aplicação do Modelo Satir. ?? uma das representantes do Instituto Virginia Satir da Alemanha no Brasil.