O torcedor brasileiro não vai sofrer só na hora de torcer pela seleção nessa Copa do Mundo, mas também na hora de pagar a conta. Em levantamento feito pela XP, os itens mais consumidos durante a Copa chegaram a registrar altas de até 100% desde a última edição há quatro anos. Itens como cerveja, carnes e televisores, que têm alta da demanda devido ao evento esportivo, registram inflação de dois dígitos desde 2018.
O que explicam as altas?
Para assistir ao jogo, como a grande maioria dos torcedores não irá até o Catar em novembro, a televisão é quase indispensável – são poucos aqueles que ainda acompanham pelo rádio ou assistem na tela pequena do celular. E se o brasileiro quiser trocar a TV por um modelo maior ou melhor, deve desembolsar, em média, 17% mais que em 2018. O curioso é que este é o único item a registrar quedas consistentes de preço desde 2006, por conta dos ganhos de produtividade e mudança rápida da tecnologia. Com os efeitos da pandemia, porém, o aumento da demanda e o setor severamente impactado pela disrupção da cadeia global de suprimentos, os preços passaram a subir.
E se a ideia é fazer um churrasco para acompanhar o jogo, o brasileiro desembolsará, em média, 80% mais para comprar a carne, 18% para a cerveja e 24% para o refrigerante e a água. “A alta do primeiro item está associada à maior demanda global, elevação dos custos de grãos e queda da área de pastagens com a crise hídrica de 2020/2021. Cerveja e refrigerante, em paralelo, tiveram alta relevante de custos, especialmente de embalagens, com cotação em dólares”, afirma Ricardo Yazbek, líder regional da XP no Interior do Estado de São Paulo.
Além dos torcedores caseiros, existem, também, aqueles que preferem acompanhar os jogos fora de casa, em um bar, por exemplo. Se este é o seu caso, você gastará cerca de 15% a mais para comprar a cerveja e mais 20% para água e o refrigerante. “A inflação é levemente menor em comparação à compra no supermercado, mas vale lembrar que, na média, consumir fora do domicílio é 15% mais caro”, ressalta o executivo da XP.
Camisa da seleção brasileira
Se você não deixa de se uniformizar para assistir aos jogos, se prepare: para adquirir uma camisa oficial da Seleção Brasileira você vai desembolsar R$ 349,99 (site oficial da Nike), superando em 40% o valor pago em 2018, e bem acima da inflação acumulada no período (26,8%).
Em relação a isso, é importante lembrar que o setor de vestuário vem batendo seus recordes para variação em 12 meses – a maior desde 1995, em meio ao Plano Real – e chegou a alcançar 16,66% em julho em decorrência de dois fatores (1) desajustes nas cadeias que fornecem matéria prima para o setor, forçando o repasse do aumento de custos para os consumidores, e (2) retomada do consumo com a reabertura da economia em meio ao motivo anterior. Por fim, o aumento e volatilidade do câmbio tem parte nisso, dado que o produto é tabelado (tem o mesmo valor em dólares para todo o mundo).
Se além de comemorar você quiser participar da tradição de trocar figurinhas com os amigos em busca de completar o álbum, os preços podem assustar: o álbum oficial (versão tradicional) subiu 16,5%, enquanto o pacote com cinco figurinhas dobrou de preço (variação observada também em relação à última Copa).