Medicalização da vida- A concepção de que questões do dia a

podem ser diagnosticadas e tratadas pela medicina é uma ideia antiga, mas que continua amplamente difundida na atualidade. Transtornos depressivos, de ansiedade e até mesmo cognitivos estão se tornando cada vez mais comuns e as pessoas têm buscado associar e explicar as experiências psicológicas e comportamentais por meio do entendimento da base corporal e material.

 

Esse fenômeno, conhecido como medicalização da vida (MDV), tem ganhado ainda mais espaço na sociedade contemporânea, que encontra nos remédios e diagnósticos uma possibilidade de se adequar às expectativas familiares, profissionais e em outras relações.

Medicalização da vida ganha espaço, mas pode ser combatida

“A busca por soluções medicamentosas para problemas que muitas vezes não são exclusivamente biológicos tem levantado preocupações sobre a medicalização excessiva de aspectos cotidianos”, ressalta Raphael Granucci Pequeno, psicólogo clínico da abordagem histórico-cultural.

 

“Neste contexto, a Patopsicologia, desenvolvida por Bluma Zeigarnik, oferece uma abordagem alternativa para compreender e lidar com as complexidades dos tempos atuais, destacando a importância de evitar a medicalização desnecessária”, propõe o psicólogo.

 

O que é a medicalização da vida?

 

De acordo com o psicólogo Raphael Pequeno,”a MDV refere-se à tendência de transformar problemas e desafios cotidianos em questões médicas, muitas vezes tratadas com medicamentos”.

 

Desta forma, problemas que antes eram considerados parte normal, como tristeza ocasional, timidez ou inquietação, são agora rotulados como condições médicas a serem tratadas com drogas farmacêuticas. Isso levanta preocupações sobre a crescente dependência de medicamentos e a falta de abordagens holísticas para questões de saúde mental e bem-estar.

 

A contribuição de Bluma Zeigarnik: a Patopsicologia

Bluma Zeigarnik, psicóloga russa, desenvolveu a Patopsicologia como uma resposta a essa crescente MDV. “De forma resumida, a Patopsicologia é uma abordagem que busca compreender os aspectos psicológicos e emocionais das experiências humanas, enfatizando a importância de se reconhecer a complexidade e a subjetividade das vivências individuais”, explica o psicólogo.

 

Princípios da Patopsicologia:

Contextualização: A Patopsicologia enfatiza a importância de considerar o contexto em que os problemas surgem. Em vez de atribuir rapidamente um diagnóstico médico, a abordagem de Zeigarnik incentiva a exploração das circunstâncias emocionais, sociais e ambientais que podem estar contribuindo para a dificuldade percebida.

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Escuta ativa: A escuta ativa é um elemento central da Patopsicologia. Os profissionais que adotam essa abordagem dedicam tempo para ouvir as histórias e as experiências dos indivíduos, proporcionando um espaço seguro para a expressão de emoções e pensamentos.

Avaliação subjetiva: Em vez de depender exclusivamente de medidas objetivas, a Patopsicologia valoriza a avaliação subjetiva das experiências dos indivíduos. Isso reconhece a singularidade de cada pessoa e sua percepção pessoal dos desafios.

Intervenções personalizadas: Com base na compreensão do contexto e das experiências do indivíduo, a Patopsicologia busca desenvolver intervenções personalizadas que levem em consideração as necessidades específicas de cada pessoa.

Evitando a medicalização com a Patopsicologia:

 

A Patopsicologia oferece uma abordagem alternativa para evitar os excessos. Ao reconhecer a importância da subjetividade e do contexto, essa abordagem ajuda a identificar alternativas para medicamentos, como terapias psicológicas, apoio social e mudanças no estilo de vida.

 

“Além disso, ao promover intervenções personalizadas, a Patopsicologia permite que as pessoas desenvolvam habilidades de enfrentamento e resiliência, em vez de dependerem exclusivamente de tratamentos farmacológicos”, destaca Raphael Pequeno.

 

A  MDA é um fenômeno preocupante que pode ter consequências negativas para a saúde mental e o bem-estar das pessoas. A Patopsicologia oferece uma abordagem valiosa para evitar a medicalização excessiva, enfatizando a importância da compreensão contextual, da escuta ativa e da intervenção personalizada. Ao adotar essa abordagem, podemos promover uma visão mais abrangente e equilibrada da saúde mental e do bem-estar, ajudando as pessoas a enfrentarem os desafios de forma mais saudável e significativa.

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