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Copa do Mundo Feminina 2027 no Brasil: uma vitória necessária 

*Fernanda Letícia de Souza 

Em dezembro de 2023, o Brasil confirmou oficialmente a sua candidatura para sediar a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2027 ao protocolar junto a FIFA, o seu caderno de proposta. A disputa não é fácil. A candidatura solo do Brasil concorre com a candidatura dupla de México/Estados Unidos e com a candidatura tripla de Alemanha/Bélgica/Holanda.

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A escolha do grande anfitrião será feita em 17 de maio de 2024, por meio de uma votação aberta, no Congresso da FIFA em Bangkok, Tailândia. Este será o processo de licitação de escolha de sede mais vigoroso e abrangente da história da Copa do Mundo Feminina da FIFA, que incluirá visitas in loco nos países candidatos e uma avaliação minuciosa focada nos critérios: infraestrutura, serviços, comercial e sustentabilidade e direitos humanos. O modelo de avaliação das candidaturas inclui um sistema de pontuação para avaliar e ponderar cada um dos critérios comerciais e de infraestrutura.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está animada e acredita no potencial brasileiro para sediar o evento. Caso o Brasil vença a disputa, será a primeira vez que a Copa do Mundo de Futebol Feminino acontecerá na América do Sul, sendo assim, um marco histórico. As apostas do Brasil estão na sua natureza de “país do futebol” e o caderno executivo da proposta traz números expressivos: 840 mil meninas, jogando futebol por todo o país, isso considerando futebol escolar e recreacional – sendo que 7113 delas atuam no futebol organizado por federações. Além disso, o caderno cita um investimento de 25 milhões de reais por ano, no futebol feminino brasileiro e a expectativa de que mais 30 milhões sejam injetados na categoria, no próximo ciclo (2023-2026).

Somando-se aos números que impressionam, o Brasil apresentou em sua proposta promessas de um evento sustentável, com o compromisso de buscar soluções viáveis para redução do consumo de energia e de água, bem como de emissão de carbono, organizando um evento o mais “verde” possível. No quesito direitos humanos, o comprometimento brasileiro vai desde priorizar mulheres em todos os cargos de liderança da organização até princípios de igualdade, direitos trabalhistas e liberdade de expressão, com políticas que se estenderão para além do evento. A proposta ainda se firma na experiência do Brasil com a promoção de grandes eventos esportivos, desde a Copa do Mundo de Futebol Masculino de 1950, resultando na impactante hashtag #2027noBrasil_umaescolhanatural.

É indiscutível que sediar uma Copa do Mundo seria um gol de placa para o crescimento e desenvolvimento do futebol feminino no Brasil, e até, na América do Sul. Mas será que o país é de fato “uma escolha natural”? Será que a construção do título de país do futebol teve a participação das mulheres? Para onde está indo o investimento de 25 milhões de reais por ano que a CBF divulgou no caderno executivo da proposta? A triste realidade do futebol feminino por toda a extensão territorial do Brasil, deixa claro que ainda estamos muito longe do futebol masculino e até de referências femininas do esporte como: Estados Unidos, Austrália e seleções europeias. Além da infraestrutura precária dos clubes para o futebol feminino, meninas e mulheres ainda enfrentam a luta por direitos iguais e valorização, além de superar diariamente as dificuldades socioambientais de início tardio na modalidade, porque o futebol ainda é visto como uma “brincadeira de menino”.

A cada brasileiro, amante desse esporte apaixonante, cabe a torcida para que o Brasil vença esta “partida decisiva”, pois apesar de parecer contraditório, se considerarmos a real situação do nosso futebol feminino, uma Copa do Mundo no Brasil pode ser o chute certeiro que falta para a modalidade. “Sediar a Copa do Mundo Feminina pode alavancar diversos benefícios para a modalidade a curto, médio e longo prazos como: maior visibilidade para a modalidade no país, aumento do número de praticantes nas escolas e clube, crescimento do interesse de patrocinadores e mídias locais e desmistificação dos preconceitos históricos e culturais construídos ao longo dos anos. “Fora dos campos, eu agora sou uma torcedora fervorosa para que o Brasil vença esta disputa”, destacou a ex-jogadora da seleção brasileira de futebol feminino e atualmente professora do curso de Educação Física da Uninter, Marina Toscano Aggio.

*Fernanda Letícia de Souza é Especialista em Fisiologia do Exercício e Prescrição do Exercício Físico e professora da Área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional UNINTER 

 

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