Este mês é marcado pela campanha Abril Azul, originada a partir da resolução da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2008, voltada a sensibilizar a população sobre o autismo. A iniciativa se faz cada vez mais importante, uma vez que, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, nos anos 1970 o número de diagnósticos de transtorno do espectro autista (TEA) estava na faixa de 1 para cada 10 mil crianças, passando em 1995 para 1 em cada 1.000; em 2018 de 1 a cada 59 e, em 2023, 1 a cada 36 crianças.
Pesquisas vêm sendo feitas para compreender as causas do autismo, sendo que alguns relacionaram a questão com a prematuridade. No entanto, é importante salientar que, embora exista uma correlação de potencializar os fatores de risco para o autismo na prematuridade, isso não significa que todas as crianças nascidas prematuras desenvolverão o transtorno.
“O nascimento prematuro é associado ao aumento do risco de TEA. Quanto mais prematuro o parto, maior o risco. A prevalência mundial de TEA está entre 1-1,5%, em prematuros (<37semanas), prevalência é de 2,1%. Um estudo importante realizado na Suécia, com 4 milhões de pacientes, mostrou a prevalência de TEA de 6,1% nos recém-nascidos de 22-27semanas, ou seja, 4 vezes maior do que em um recém-nascido termo (>37sem)”, explica a pediatra e neuropediatra da Santa Casa de São Paulo e membro do Conselho Científico da ONG Prematuridade.com, Flávia Barros Lins Souza.
Entre os principais fatores de risco associados à prematuridade que podem aumentar a probabilidade de autismo, a médica destaca a idade avançada dos pais e intercorrências perinatais, como anóxia neonatal e hemorragia intracraniana neonatal.
O diagnóstico de autismo em bebês prematuros, considerando os desafios associados à prematuridade, é feito por meio de avaliação minuciosa do desenvolvimento por um profissional capacitado, que observe sinais de alarme precoce nos primeiros meses de vida. “Qualquer atraso motor, comprometimento da interação e reciprocidade social deve ser investigado, como bebês que não fazem ou não sustentam o contato visual, não interagem com sons do ambiente ou face dos cuidadores, emitem poucos sons ou balbucios e mostram desconforto ao serem tocados ou carregados no colo”, lista a neuropediatra.
Para as famílias de bebês prematuros diagnosticados com autismo, é importante contar com o apoio de uma equipe multiprofissional, seja da rede de saúde pública ou particular. “E, em casa, fornecer um ambiente rico em estímulos, controle das horas de tela, existem bons materiais que podem auxiliar”, fala.