As células Car-T prometem trazer o tratamento de câncer para um novo patamar
O A.C.Camargo Cancer Center, referência no tratamento oncológico, têm realizado o tratamento em pacientes elegíveis desde novembro de 2022, em protocolos de pesquisa clínica, e a partir de abril de 2023 a pacientes do sistema privado. Ao todo, o número de infusões passa de duas dezenas.
Mais recorrente em pessoas com idade superior a 60 anos, seus sinais podem ser confundidos com questões inerentes ao envelhecimento, retardando o diagnóstico. “No mieloma múltiplo, os plasmócitos são anormais e se multiplicam rapidamente, comprometendo a produção das outras células do sangue”, explica Dr. Jayr Schmidt Filho, Líder do Centro de Referência de Neoplasias Hematológicas do A.C.Camargo Cancer Center.
Atualmente, os meios de prevenção do mieloma múltiplo ainda não são conhecidos, bem como suas causas. Contudo, sabe-se que, além da idade, histórico familiar, exposição à radiação e a produtos químicos, como amianto e pesticidas, também são fatores de risco[i]. O diagnóstico é feito pelo hematologista ou oncologista, por meio de testes clínicos, sanguíneos, de urina e biópsia da medula. Exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, são usados para identificar se o câncer compromete outras regiões do corpo. Estima-se que cerca de 95% dos casos[ii] são diagnosticados em fases avançadas da doença. Nesse quadro avançado, a taxa de sobrevida de cinco anos é de 51%, enquanto esse percentual pode chegar a 74% quando identificado em estágio inicial.
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A terapia por células CAR-T é uma modalidade da imunoterapia que lança mão de células geneticamente modificadas e reprogramadas em laboratório para destruir os tumores. “O estudo é o primeiro passo para que em breve essa terapia seja disponibilizada aos pacientes. O tratamento pode significar a cura para pacientes que já tinham esgotado as possibilidades terapêuticas”, aponta o especialista.
Como a terapia é realizada
A terapia por células CAR-T é feita a partir da coleta de células T do sistema imunológico, os linfócitos, que são modificadas geneticamente e programadas para reconhecer e combater o tumor.
Há muita ciência por trás do desenho da molécula CAR. “Podemos dizer que as células CAR-T são um grande feito da biotecnologia aplicada ao tratamento do câncer”, explica.
Como atuam as células Car-T
A primeira etapa é colher células do sistema imunológico a partir da centrifugação do sangue dos pacientes a serem tratados, procedimento conhecido como leucaférese, parecido com uma hemodiálise.
Em seguida, o especialista isola um tipo de leucócito (célula de defesa) conhecido como linfócito T, um dos principais responsáveis pela defesa do organismo. Esse linfócito consegue reconhecer antígenos existentes na superfície celular de agentes externos ou internos infecciosos e de tumores para combater tais invasores.
O próximo passo é enviar o material coletado a um laboratório que fará a manufatura dessas células, que consiste na modificação genética delas para programar os linfócitos para destruir o tumor.
Isso é feito com auxílio de um vetor viral, um vírus que tem o material genético alterado em laboratório para reconhecer e combater o tumor. Esse vetor entra no linfócito T, modifica o DNA dele e faz com que aquela célula expresse um receptor que reconheça o antígeno da doença e a ataque.
“A modificação faz os linfócitos T atacarem as células tumorais. Antes de introduzir a célula, é feita uma quimioterapia no paciente a fim de imunossuprimi-lo para que o sistema imune não combata as células”, explicou o Dr. Jayr Schmidt.
Dentro de sete dias após a infusão das células CAR-T, pode haver uma reação inflamatória, sinal de que os linfócitos modificados estão se reproduzindo dentro do organismo e induzindo a liberação de substâncias para eliminar o tumor.
Nesse momento, além de febre, pode haver queda importante da pressão arterial e eventual necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Apenas quatro instituições foram credenciadas para oferecer esse tratamento de alta complexidade no país, e o A.C.Camargo tem sido o principal referenciado por outros centros de tratamento oncológico para realizar o tratamento.
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