A muito tempo não tenho Natal e não foram as pessoas que afastaram-se de mim… Eu fui me recolhendo, como se não quisesse ver mais ninguém. Minhas amizades foram se acabando, sentia uma certa frieza em cada ato humano.

Uns preocupados com assuntos econômico  diziam que seu negócio estava a deriva, outros que seu lucro aumentava assustadoramente , que não se importava com os meios e o que interessava era ficar rico! Continuei me isolando até que sobrara somente minha família que diuturnamente me consolava sobre a verdadeira amizade: aquela que não tem apego aos bens materiais, são solidárias,  lembram-se da gente quando estamos ausentes e que em nossa curta existência nós ainda iríamos encontrar muitos e muitos amigos de verdade.

Mas a tristeza tomou conta de mim, não conseguia de forma alguma terminar meus projetos, tudo ficava por fazer e nas minhas   viagens  no meio do caminho algo fazia com que eu voltasse. Me sentia culpado por ter acreditado naquelas pessoas e  que, de certa forma,  elas teriam  contribuído para arruinar meus planos e conquistas.

E que elas teriam roubado meu tempo e minha fé nos homens. Assim, minha autoestima foi caindo, caindo… quando eu as procurava, diziam sempre ocupadas em seus nobres afazeres, não atendiam meus telefonemas e deixavam-me numa espera interminável em pequenos cubículos e salas rarefeitas e ausente de claridade que me levava ao desespero. Mesmo que politicamente correto, elas me faziam pensar que era eu quem incomodava e diziam para voltar outra hora, outro dia e quem sabe nunca mais!

 Quanta humilhação eu sofri e quantas e quantas vezes me expuseram ao ridículo, somente porque me sentia só e com dificuldades para construir alguma coisa que de tão grande pudesse repartir, dividir, compartilhar com meus semelhantes – com meus iguais! Queria caminhar lado a lado com eles e não com a multidão sem perspectiva, sem direção mas sim, com meus poucos amigos dos sonhos impossíveis, das ações desmedidas, dos conceitos absurdos.

No entanto eles me tornaram indesejável e intolerantes com minha presença fui me afastando  mais ainda e desiludido, para mim   as pessoas foram perdendo aquele  mais simples significado de que  ¨ninguém é melhor do que ninguém¨ . E quando tudo parecia não ter  solução, numa noite de insônia Jesus que sofreu todo tipo de atrocidade me disse: ¨TENHA F?? E N??O TENHA MEDO EU ESTOU CONTIGO¨.  Enfim, amigos não deixe que nada e ninguém destrua seu Natal, no dia de seu nascimento ELE põe fim a nossa angustia e renova nossa esperança de que ainda há muitas pessoas em que podemos confiar!


                    UM FELIZ NATAL

                    Paulo Cesar Cassin