O que é e o que pode ser o universo da arte naif, aquele regido geralmente por artistas autodidatas, sem formação acadêmica em escolas de arte ou faculdades e universidades?
Acima de tudo é uma maneira de se relacionar com a realidade em que as diferenças e as semelhanças entre pessoas, sociedades e culturas dialogam. Nesse sentido, é essencial que cada vez que se organiza um projeto do gênero, exista um processo de seleção cuidadoso das ações e imagens que o integram.
Trata-se de um exercício permanente de ver e sentir quais os melhores caminhos a serem percorridos. Dessa maneira, conjuntos plásticos devem coexistir de modo a oferecer a maior unidade dentro da diversidade. Esse caminhar demanda um olhar atento sobre aquilo que se deseja e se pode mostrar em termos plásticos e técnicos.
Seja nas obras mais visuais em termos de qualidade de composição, como naquelas mais voltadas a um consumo mais direto na forma dos mais diversos utilitários, cada obra tem um papel individual, mas existe a necessidade de que exista uma conversa de cada uma com o todo do gênero.
Assim, portanto, respeitando individualidades e estimulando a conversa entre diversidades, os projetos que envolvem o universo da arte naif devem sempre funcionar como a abertura de portais em que o silêncio de cada um e o ruído do coletivo convivem para estabelecer poemas sinfônicos plenos de sentido pela riqueza existencial proposta.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.