Foi ao ar o primeiro comercial de TV 100% feito com IA. O que isso significa para os produtores de vídeos?

Por Renato Asse, da Comunidade Sem Codar*

Leia + sobre  tecnologia e ciência 

A estreia do primeiro comercial totalmente criado por inteligência artificial na TV aberta brasileira marca um ponto de virada na história da comunicação. O vídeo, veiculado nacionalmente na TV Globo, foi produzido para a construtora JA Russi, de Santa Catarina, e é o primeiro do país a ter todas as etapas, do roteiro à voz final, geradas por IA. É uma mudança de paradigma. O que antes exigia estúdios, equipamentos caros e equipes inteiras agora pode ser feito em minutos, com ferramentas acessíveis e criatividade direcionada.

O comercial da JA Russi utilizou tecnologias como o Google Veo para gerar as imagens em vídeo e o ElevenLabs para criar a narração em voz natural. Nada de atores ou locutores reais. Nenhuma filmagem convencional. Tudo foi conduzido por inteligência artificial. E, mais importante, com qualidade suficiente para entrar na grade da maior emissora de TV do Brasil. Isso deixa claro que a IA generativa não é mais um recurso de bastidores ou uma curiosidade para entusiastas. Ela está ocupando o horário nobre.

Esse movimento não vem do nada. Segundo dados da Statista, o uso de IA em publicidade deve ultrapassar os 35 bilhões de dólares globalmente até 2025, com crescimento anual de dois dígitos. O motivo é simples: a combinação de escalabilidade, personalização e agilidade tornou-se irresistível para o mercado. E o que antes era território exclusivo das grandes marcas agora está ao alcance de pequenas empresas e criadores independentes, graças ao avanço das ferramentas no-code e dos fluxos automatizados.

Já existem casos de negócios que reduziram em até 90% o tempo e o custo de produção de campanhas ao adotar soluções com IA. Isso inclui desde a criação de vídeos promocionais até o atendimento por agentes virtuais. O impacto é visível. A criatividade deixou de ser refém do orçamento. Hoje, o que determina quem consegue comunicar bem é a clareza da mensagem, e não o tamanho da equipe.

É natural que esse novo cenário gere desconfortos. Muitos profissionais se perguntam se a inteligência artificial vai substituir empregos ou uniformizar a estética da publicidade. Mas essas preocupações já apareceram em outras transições. Quando a fotografia digital chegou, disseram que os fotógrafos perderiam espaço. Quando o Photoshop se popularizou, temeram pelo fim da autenticidade visual. E no fim, o que vimos foi a ampliação das possibilidades criativas, não sua extinção.

O que está mudando é o papel do profissional. A execução manual perde espaço, mas a direção criativa se torna ainda mais relevante. O ser humano continua sendo o ponto de partida para qualquer boa ideia. Cabe a ele escolher as ferramentas, guiar o tom, dar propósito ao que será gerado. A IA é um recurso poderoso, mas ainda depende de quem saiba usá-la com sensibilidade e visão.

A campanha da JA Russi é mais do que uma peça publicitária inovadora. É o retrato de um novo momento. E não se trata de um caso isolado. É o prenúncio de uma transformação que já começou. As marcas que entenderem isso terão vantagem. E os profissionais que se prepararem para liderar essa mudança, em vez de resistir a ela, serão os protagonistas da próxima grande revolução criativa.

Foi ao ar o primeiro comercial de TV 100% feito com IA.

*Renato Asse é fundador da Comunidade Sem Codar, a maior escola de No Code e IA da América Latina, com mais de 20 mil membros, já tendo implementado Agentes de Inteligência Artificial em empresas com 13 mil colaboradores. 

 

 

+ NOTÍCIAS NO GRUPO NM DO WHATSAPP