Além da tendência pela atualização tecnológica, a adaptação nos residenciais também foi impulsionada pela necessidade crescente de segurança. Com o aumento da permanência em casa e da circulação de terceiros em condomínios residenciais, cresceu também a preocupação com a proteção patrimonial e pessoal.

Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o mercado brasileiro de segurança eletrônica obteve um crescimento de 13% em 2020 em relação a 2019, e estima um aumento ainda maior para este ano, na casa dos 15%. O resultado reflete mais investimento em soluções de segurança, com destaque para a adesão ao uso de câmeras termográficas, portarias remotas e monitoramento por câmeras.

 

Níveis de segurança para diferentes orçamentos

No Brasil, os residenciais possuem diferentes perfis de consumo e padrões para uso tecnológico, que dependem da receita média e diretrizes condominiais. Até mesmo nos complexos mais comuns — cujo valor médio de condomínio é de R$ 350 — há demanda por ferramentas como interfone, controle de acesso, senha, biometria e tags.

Além das tradicionais tags (RFID) e biometria digital, as demandas atuais se interessam em tecnologias ainda mais refinadas de acesso, como sistemas de portaria remota, chaves virtuais e reconhecimento facial, que consegue, inclusive, identificar o uso correto de máscaras e realizar o cadastro de visitantes com foto. Ainda de acordo com a Abese, as portarias remotas registraram aumento de 33% nas instalações até setembro deste ano.

 Soluções mais modernas com hardware e software de segurança integrados também registram automaticamente o horário de entrada/saída de pessoas e acompanham por vídeo o trajeto de terceiros no condomínio, tudo isso sem a necessidade de contato físico ou cartões de uso compartilhado que, neste momento, seriam contaminantes em potencial.

O leitor facial, solução mais procurada pelo mercado no último ano, identifica se o morador está ou não cadastrado no condomínio para abrir o portão de pedestres automaticamente, e a facilidade também se estende aos visitantes. “O morador pode criar uma ‘pessoa autorizada’ no aplicativo, incluindo dados como nome, dia e horário da visita. O cadastro vai gerar um link para ser compartilhado por aplicativos de mensagem com o visitante, que ao receber a chave, vai tirar uma foto. Essa selfie será enviada para o equipamento na portaria do residencial e, quando o visitante chegar no condomínio, o leitor irá reconhecer seu rosto e abrir a porta automaticamente para ele”, explica Thiago Paulo, COO da condotech Winker.

É importante lembrar que os condomínios também estão sujeitos à LGPD (Lei de Proteção de Dados), então, toda modernização deve considerar a lei.

Ao passo que as tecnologias de acesso foram ganhando ainda mais espaço no setor imobiliário, os projetos de investimento em segurança digital também voltaram a ser discutidos nas assembleias dos condomínios. Adalberto Bem Haja, CEO da integradora de segurança BHC Sistemas, percebeu aumento no interesse dos moradores por câmeras com melhor resolução e com tecnologias inteligentes como vídeo analítico, que usa inteligência artificial e visão computacional para “entender o que está sendo visto”.

O custo de novas tecnologias no mercado

Por padrão, as novas tecnologias sempre chegam primeiro nas grandes indústrias e empresas para depois serem adaptadas para os setores domésticos. Isso porque o custo dessas novas soluções é alto, e precisa de um tempo para otimização e redução do preço final para chegarem ao cotidiano das pessoas.

Um exemplo é a biometria digital, que já está há 15 anos no mercado, mas só foi amplamente utilizada em condomínios na última década. O mesmo acontece para o reconhecimento facial, tecnologia que chegou ao mercado com custo alto e baixa escala de produção. “Recentemente, a solução ficou mais barata por conta do volume ofertado e concorrência de fabricantes, o que possibilitou a aderência para o setor de moradia”, finaliza Adalberto.