As cidades da região ficaram de fora da lista das ‘campeãs’ de furto e roubo de telefones celulares no Estado de São Paulo em 2024.
CIDADES COM MAIS OCORRÊNCIAS
A cidade de São Paulo, com sua população de mais de 11 milhões, lidera em números absolutos, registrando 133.879 celulares subtraídos – uma redução de aproximadamente 25,7% em comparação com 2023. Tal declínio reflete um esforço bem-sucedido em estratégias de segurança pública.
Contudo, sua taxa por 100 mil habitantes, de 1.169, é alta e reflete os desafios de segurança de uma metrópole dessa magnitude. Contudo, a diluição causada pela enorme população fixa faz com que outras cidades, proporcionalmente, apresentem taxas mais alarmantes.
Um trio de cidades possui as taxas mais elevadas, sinalizando problemas agudos de segurança:
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Praia Grande (894 ocorrências), cidade litorânea com população fixa relativamente pequena, mas que recebe população flutuante de turistas especialmente em alta temporada, o que contribui significativamente para o aumento das ocorrências, elevando a taxa de forma desproporcional.
Santo André (657 ocorrências), município de porte médio e importante polo regional, apresenta uma grande movimentação diária, o que pode atrair criminosos e explicar a alta taxa. A densidade populacional e a dinâmica urbana complexa da cidade também são fatores relevantes.
São Vicente (576 ocorrências) enfrenta menor investimento em segurança pública, áreas com maior incidência de crimes, ou características urbanas que facilitam a ação de criminosos. A cidade possui taxa de subtração de celulares alarmantemente superior à vizinha Santos (392 ocorrências), apesar de ter uma população fixa significativamente menor e um fluxo turístico presumivelmente menor que Santos, que possui um porto movimentado e grande apelo turístico.
Campinas (460), São Bernardo do Campo (468) e Osasco (417), importantes centros regionais, apresentam taxas moderadas. Esses números podem ser reflexo da combinação de uma população fixa considerável com o fluxo diário de trabalhadores e visitantes, atraídos pelas oportunidades de emprego e serviços oferecidos por essas cidades.
São José dos Campos, com a menor taxa entre as cidades analisadas (181), destaca-se positivamente. Esse resultado pode ser atribuído a diversos fatores, como políticas de segurança mais eficazes, características socioeconômicas específicas ou um maior controle social, que merecem ser investigados em estudos posteriores.
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Levantamento realizado pelo Centro de Estudos em Economia do Crime da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) revela a diminuição de 15,9% nas ocorrências de furtos e roubos de aparelhos celulares no Estado de São Paulo em 2024.
O acumulado de ocorrências em todo o ano de 2023 foi de 294.841 furtos e roubos. Em 2024, de janeiro a novembro de 2024, o acumulado caiu para 247.890 ocorrências, representando uma diminuição de aproximadamente 15,9% ao longo do período.
Segundo o pesquisador responsável pelo levantamento, professor Erivaldo Vieira, essa diminuição significativa reflete a eficácia de medidas preventivas ou mudanças no comportamento criminal, embora fatores externos e estruturais também possam estar envolvidos.
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“Apesar dos dados apontarem uma redução consistente nos crimes de roubo e furto de celulares no estado de São Paulo, a percepção pública muitas vezes não reflete essa realidade. Essa disparidade entre os números e a sensação de insegurança pode ser atribuída a fatores psicológicos, narrativos e midiáticos que moldam como as pessoas processam informações sobre o mundo ao seu redor”, afirma o pesquisador da FECAP.
O QUE EXPLICA A QUEDA NAS OCORRÊNCIAS?
Na opinião de Erivaldo Vieira, a redução expressiva nas ocorrências de celulares subtraídos entre 2023 e 2024 aponta para mudanças significativas que vão além de políticas de segurança pública. Há indícios de que diversos fatores amplos e interligados podem estar contribuindo para essa transformação:
Indústria bancária: Medidas voltadas à proteção de dados sensíveis, como a popularização de sistemas de autenticação de dois fatores, podem ter tornado o roubo de celulares menos atrativo para criminosos, já que o acesso a informações financeiras se tornou mais difícil.
Fabricantes de celulares: A evolução nas tecnologias de bloqueio remoto, rastreamento e inutilização de dispositivos roubados vem desestimulando o mercado ilegal de celulares, reduzindo o incentivo para esses crimes.
Empresas seguradoras: A ampliação de seguros de celulares e mudanças nas políticas de reembolso podem ter impactado o comportamento de consumidores e criminosos, criando um ambiente de menor risco para as vítimas.
Mudanças comportamentais: A conscientização crescente da população sobre os riscos de exposição ao roubo, aliada a práticas preventivas, como o uso de dispositivos de forma mais discreta em locais públicos, pode estar contribuindo para a redução dos crimes.
“Esses fatores apontam para uma transformação ampla e estrutural, envolvendo diversos setores e mudanças sociais. Não parece haver uma causa única ou específica, mas sim uma combinação de ações em diferentes esferas, que juntas têm gerado resultados positivos”, complementa Erivaldo Vieira.