Soft skills: o diferencial humano que o mercado mais busca

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O debate sobre empregabilidade dos jovens brasileiros vem mudando de tom. Se antes a principal preocupação estava em garantir o acesso à formação técnica, hoje o grande desafio é outro: desenvolver de forma integrada as chamadas soft skills, ou habilidades comportamentais, que se tornaram o novo diferencial competitivo e, ao mesmo tempo, o maior gargalo de formação no país. 

Uma pesquisa recente da Generation Brazil mostra que 83% dos jovens desejam trabalhar com carteira assinada (CLT), mas 56% afirmam não se sentir preparados para o mercado, mesmo após concluírem cursos profissionalizantes. O dado revela um descompasso entre qualificação técnica e preparo emocional, fator que pesa cada vez mais nas decisões de contratação. 

Na Pulse Mais, organização que apoia jovens de baixa renda na inserção no mercado de tecnologia, temos constatado esse fenômeno de perto. A competência técnica é um requisito básico, mas o que diferencia os jovens que conquistam oportunidades e no maior potencial de retenção e crescimento, é a capacidade de se comunicar bem, colaborar em equipe, resolver conflitos e lidar com feedbacks. São as habilidades humanas que abrem portas no mercado de trabalho e mantem jovens de baixa renda competitivos no futuro do trabalho. 

A transformação digital e o avanço da inteligência artificial vêm reforçando essa tendência. Relatórios da McKinsey e do World Economic Forum indicam que, até 2030, cerca de 40% das novas contratações serão pautadas por competências comportamentais como adaptabilidade, empatia e pensamento crítico. Em um cenário em que tarefas repetitivas podem ser automatizadas, as habilidades humanas passam a ter valor inegociável. 

No entanto, essas competências raramente são ensinadas. O modelo educacional tradicional ainda privilegia o “o que fazer” e não o “como se comportar”. A consequência pode ser uma geração tecnicamente apta, mas emocionalmente despreparada para as dinâmicas do ambiente profissional e para os desafios postos no futuro do trabalho, com as tecnologias emergentes. 

É nesse ponto que iniciativas de impacto social têm cumprido um papel essencial, já que desenvolvem um modelo de formação que combina mentorias com executivos de grandes empresas, aulas interativas e acompanhamento individualizado de carreira, com foco no desenvolvimento integral do aluno. Essa integração entre técnica e comportamento tem mostrado resultados promissores na inserção dos jovens no mercado de tecnologia e em seu crescimento profissional. 

Esse modelo reforça que empregabilidade não é apenas sobre técnica, mas sobre protagonismo e autoconfiança. O jovem que entende seu valor e sabe se posicionar diante dos desafios tem mais chances de permanecer, crescer e inspirar outros. 

As empresas que desejam atrair talentos precisam compreender essa mudança. Investir em soft skills é investir em sustentabilidade humana, na capacidade de inovação e na cultura organizacional. Não se trata apenas de formar profissionais mais completos, mas de construir ambientes de trabalho mais resilientes, colaborativos e humanos. 

No fim das contas, talvez a soft skill mais valiosa seja a crença de que é possível evoluir coletivamente. Essa, felizmente, nenhuma tecnologia é capaz de substituir. 

 

Eduardo Moura é diretor executivo do Instituto Pulse Mais* 

 

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