Em 2016, o PIB brasileiro caiu pela segunda vez consecutiva e no último trimestre ajustes começaram a ser realizados para que o país consiga sair da crise. Ainda assim, 2017 inicia com uma conjuntura econômica em recessão. 
Diante desse quadro, o número de negativados cresceu, alcançando 58,3 milhões de consumidores em dezembro de 2016, segundo estimativa do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Apesar de expressivo, o número mostra uma desaceleração da taxa de crescimento da inadimplência. 
Em janeiro de 2016, a estimativa era de 57,6 milhões de consumidores, o que mostra um aumento de 700 mil casos ao longo do ano. No mesmo período de 2015, porém, o aumento foi de 2,5 milhões.

O dado revela que 39% da população brasileira adulta está registrada em listas de inadimplentes, enfrentando dificuldades para realizar compras a prazo, fazer empréstimos, financiamentos ou contrair crédito. 
“A explicação para a desaceleração do crescimento da inadimplência desde o primeiro trimestre do ano reside no fato de que o próprio cenário de recessão da economia, que reduziu a capacidade de pagamento das famílias, também restringiu a tomada de crédito por parte dos consumidores”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro. “Isso quer dizer que o consumidor encontra mais dificuldade para se endividar e, sem se endividar, não pode ficar inadimplente”, explica. 
Queda da inadimplência na variação mensal Apesar do crescimento do número de negativados no acumulado de 2016, o dado de dezembro ficou abaixo do observado em novembro. O indicador mensal de devedores apresentou um recuo de -0,41%. Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, “o movimento é típico da época, que concentra o pagamento de direitos como o décimo terceiro. A injeção desse recurso na economia é uma oportunidade para o consumidor com dívidas quitar suas pendências.” 
Já na comparação entre 2016 e 2015, o indicador avançou 1,44% – a menor variação para um ano desde o início da série histórica. “O dado confirma a tendência de desaceleração da inadimplência observada desde o primeiro trimestre de 2016”, afirma Kawauti. 
Sudeste concentra maior número absoluto de inadimplentes 
De acordo com o indicador, a região Sudeste concentra o maior número absoluto de consumidores negativados no país: 24,23 milhões de brasileiros, o que representa 37,3% da população adulta da região. A segunda região com maior número absoluto de devedores é o Nordeste, que conta com 15,74 milhões de negativados, ou 39,7% da população. Em seguida, aparecem o Sul, com 7,96 milhões de inadimplentes (35,8% da população adulta), o Norte, com 5,34 milhões de devedores (46,0% do total da população residente) e o Centro-Oeste, que por sua vez, aparece com um total de 4,99 milhões de inadimplentes, ou 43,8% da sua população. 
Quase metade da população entre 30 e 39 anos está negativada

A estimativa por faixa etária revela que é entre os 30 e 39 anos que se observa a maior frequência de negativados. Em dezembro, quase metade da população nesta faixa etária (49,38%) tinha o nome inscrito em alguma lista de devedores – um total de 16,81 milhões. Também merece destaque uma porcentagem significativa da população com idade entre 25 e 29 anos (46,65%) estar negativada, assim como os consumidores com idade entre 40 e 49 anos (46,24% em situação de inadimplência).
Entre os mais jovens, com idade entre 18 e 24 anos, a proporção cai para 19,38% – em número absoluto, 4,63 milhões. Já a população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, a proporção é de 29,50%, o que representa 4,58 milhões de pessoas. 
Número de dívidas diminuem 2,24% em novembro 
O indicador do SPC Brasil e da CNDL também analisa o volume de dívidas em nome de pessoas físicas. Neste caso, a variação negativa foi de -2,24%na comparação anual – dezembro de 2016 frente ao mesmo mês de 2015.

O setor de comunicação, que engloba atrasos em contas de telefonia, internet e TV por assinatura, foi o que mostrou a maior queda de dívidas em dezembro. 
Na comparação anual, as pendências de pessoas físicas com o setor caíram -17,77%. Os atrasos no comércio apresentaram uma retração de -3,90% e as dívidas bancárias, que contemplam atrasos no cartão de crédito, financiamentos, empréstimos e seguros, cresceram +0,78%. 
O setor que apresentou a maior alta foi o de água e luz, cujo crescimento foi de 13,62%, também na variação anual.

Em termos de participação, considerando-se mais uma vez o total do Brasil,os bancos concentram a maior parte das dívidas existem no país: 48,26%. Em seguida, aparece o Comércio, com 20,04% desse total; o setor de Comunicação (13,07%) e o de Água e Luz, concentrando 8,55% do total de pendências.