Um levantamento, realizado em parceria entre a Parallaxis Economia e Ciências de Dados e o escritório jurídico especializado em startups Perrotti e Barrueco Advogados, entre julho e outubro de 2016, com 120 empresas e investidores, sobre o mercado brasileiro de startups apresentou números e questões significativas do segmento no País.
Atualmente, 81% das startups já estão formalizadas e 89,5% já desenvolveram seu plano de negócios. Os números mostram uma grande preocupação na regularização da atividade logo no início da operação, bem como na parte estratégica. Não à toa, 42,1% das startups já estão há mais de dois anos no mercado, tendo portanto sobrevivido a crise que assolou o País.
As novas políticas de incentivo do Governo, como a Lei do Microempreendedor Individual, o Simples Nacional e o recente programa Startup Brasil, que visa proteger o investidor, são progressos que vem incentivando o surgimento de novos empresários que criam mais empregos e soluções para um país ainda carente em diversas áreas. Com isso, além de arrecadar mais impostos, o governo auxilia essa nova classe de empreendedores. Entretanto, dificuldades decorrentes de um ambiente trabalhista e tributário complexo e oneroso, ainda dificultam um maior avanço das startups nacionais. Hoje a taxa de mortalidade de startups no país é de 25% ao ano.
Coletivamente, nove grandes empresas de tecnologia, que mal existiam uma década e meia atrás, agregaram cerca de US$ 1 trilhão de dólares em novas riquezas para o PIB norte-americano. Sendo esta a visão que se tem de start ups, aqueles que não conhecem o setor podem ficar surpresos com o faturamento bruto anual de uma startup no Brasil: 72% delas não chegam a 50 mil reais, enquanto apenas 6% fatura mais de 500 mil reais ao ano.
Assim, para atender ao grande volume de trabalho associado à falta de capital no início das atividades, mais de 70% das startups possuem entre dois e quatro sócios e nem todos chegam a contratar mão de obra externa, 21,6% não possuem nenhum funcionário.
Com o intuito de se tornarem lucrativas, um resultado já esperado é o objetivo mais comum entre as startups: 44,8% buscam ser escalável. Ainda de acordo com o relatório, no modelo de negócio para o usuário final, 73,7% atuam de forma paga, outra forma de ganho das empresas.
Vale ainda avaliar a relação entre startups e aceleradoras, incubadoras e parques tecnológicos. Entre os entrevistados, 61,1% acreditam que a importância de uma aceleradora, incubadora e parque tecnológico é irrelevante ou pouco relevante. Pode-se atribuir este dado ao pouco acesso a estas instituições, uma vez que 60,5% se declaram independentes.
Apesar destes dados, 28,9% das startups estão em parques tecnológicos e 38,8% acreditam que participar de programas de fomento são importante, muito importante ou indispensável. Os programas de aceleração pedem em 51,6% dos casos como contrapartida um percentual de participação, 32,3% pedem uma taxa de locação que pode ser relacionado com as empresas em co-working e outras realizam um trabalho sem contrapartida palpável, ou seja, disponibilizam assessoria gratuita, modelo que tem grande ocorrência entre os parques tecnológicos.
Com relação ao funding, 57,9% das startups pesquisadas responderam que já conseguiram realizar uma primeira rodada de captação para investimentos. Dessas, o maior percentual foi entre R$ 501 mil à R$ 1 milhão com 27% das captações registradas na pesquisa, sendo a principal fonte de captação os investidores anjos com 34% dos entrevistados.
Entretanto, apesar do crescimento de 300% no capital investido em startups entre 2013 e 2016, o número de investidores anjo no país teve um acréscimo pequeno, de apenas 3%. Assim, 42% das empresas pesquisadas ainda não captaram recursos com investidores. Desse universo, 42,5% afirmam precisar de capital entre R$ 500 mil à R$ 1 milhão.
O relatório ainda conclui que o número de startups no mercado brasileiro está crescendo rapidamente. Há algumas iniciativas que tem contribuído para favorecer esse cenário, porém ainda é arriscado afirmar qual será o resultado dessas iniciativas em um período de 3 a 5 anos. Para consolidar um resultado positivo após esse período, é necessário uma evolução maior do mercado e uma melhora, ou pelo menos estabilidade, no atual cenário econômico nacional. Afinal, um aumento na taxa SELIC, ou alterações no regime tributário ou trabalhista, que não considerarem uma ótica de simplificação de tais processos, podem comprometer um futuro promissor para o mercado de startups no Brasil.