O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) inicia neste domingo (1º) sua gestão no governo de São Paulo com o desafio de criar  seu próprio grupo político e com os cofres cheios após a gestão Doria/Garcia (PSDB). Eleito na esteira de seu padrinho, Jair Bolsonaro (PL), ele tem como principal articulador político o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Sua posse, que ocorre nesta manhã no Palácio dos Bandeirantes, encerra 28 anos de comando tucano no Estado e ainda mantém em aberto a disputa por espaço no bolsonarismo após a derrota do presidente nas urnas.

Como governador de São Paulo, Tarcísio poderia ganhar visibilidade para eventualmente se tornar candidato à Presidência em 2026 no campo da direita. No plano doméstico, precisará consolidar a maioria de que já dispõe na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) – cerca de 60 dos 94 deputados – e efetivar promessas que fez durante a campanha, algumas já revisadas nos últimos dois meses. O antigo líder do governo paulista na Alesp, Cauê Macris, deixou o governo em dezembro.

Conciliar diversos grupos políticos com a proposta de um governo técnico foi o que norteou a formação do novo secretariado. São cinco nomes vinculados ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e outros cinco que compõem partidos da base de Bolsonaro. Dois deles são vistos como oriundos da área mais ideológica bolsonarista – o deputado federal Guilherme Derrite (PL), que vai comandar a Segurança Pública, e a vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos), da nova Secretaria para Mulheres.

Na outra ponta, o grupo de Kassab vai comandar quatro secretarias.

Ele próprio será o novo secretário de Governo e Relações Institucionais, pasta reformulada por Tarcísio que dará poder ao ex-prefeito de negociar não somente com a Assembleia Legislativa, mas também com as prefeituras e o Palácio do Planalto.

Outras quatro pastas serão assumidas por nomes que atuaram diretamente com Tarcísio no Ministério da Infraestrutura. Não foram dedicados espaços ao PSDB e ao União Brasil, partidos que o apoiaram no segundo turno das eleições.

Nos corredores do gabinete de transição – uma sala reservada à equipe de Tarcísio no edifício Cidade I, no centro histórico de São Paulo -, pessoas próximas ao governador repetem diariamente que o secretariado é técnico e minimizam uma queda de braço entre grupos políticos.

“Tarcísio sempre defendeu o legado do Bolsonaro, mas sem entrar no embate e no discurso ideológico. Havia uma expectativa unilateral dos aliados bolsonaristas de ocupar certos espaços. Essa expectativa talvez tenha frustrado quem fez uma leitura incorreta”, disse o vice-governador eleito, Felicio Ramuth (PSD).

 

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