Varejo tem o terceiro ano seguido de recuo nas vendas natalinas, mas com queda significativamente menor que em 2015. Com resultado negativo, comércio aposta no período de promoções para recuperar faturamento
O comércio varejista registrou mais um Natal com queda no volume de vendas. De acordo com o indicador apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as consultas para vendas a prazo registraram queda de 1,46% na semana que antecedeu o Natal, entre os dias 18 e 24 de dezembro. Trata-se do terceiro ano consecutivo em que as parcelas parceladas apresentam queda no período, mas em 2015 a contração havia sido a pior em cinco anos, de -15,84%; em 2014 de -0,7%.
“O resultado negativo já era aguardado pelos lojistas e reflete a tendência de desaquecimento das vendas no varejo observado ao longo de 2016, em virtude do cenário econômico desfavorável, com crédito mais caro, inflação elevada, aumento do desemprego e baixa confiança do consumidor para se endividar”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro. “Ainda assim, vemos uma forte desaceleração na queda do volume de vendas, indicando que os piores momentos da crise ficaram para trás.”
2016: um ano de quedas para o comércio
As consultas para vendas a prazo no Natal repetiram o comportamento de baixa das demais datas comemorativas deste ano: a queda nas intenções de vendas parceladas também se repetiu no resultado do Dia das Mães (-16,40%), Dia dos Namorados (-15,23%), Dia dos Pais (-7,15%) e Dia das Crianças (-9,02%). O recuo no Natal foi o menor de todas as datas comemorativas.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a queda no volume de vendas parceladas no comércio é consequência direta da crise econômica. “O comércio vendeu menos a prazo, mas não significa que o brasileiro deixou presentear. Os consumidores estão mais preocupados em não comprometer o próprio orçamento com compras parceladas, por isso optaram por presentes mais baratos e geralmente pagos à vista, as famosas ‘lembrancinhas’. Com o acesso ao crédito mais difícil, juros, inflação e desemprego elevados, o poder de compras do brasileiro ficou muito mais limitado para compras caras”, diz Pinheiro.
Promoções podem impulsionar o comércio
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o movimento nas lojas nos últimos dias do ano e nas primeiras semanas de janeiro dependerá da criatividade dos lojistas e da atratividade das promoções. “A expectativa é de que as promoções reaqueçam o mercado até o final de janeiro. Com os tradicionais descontos, o comerciante tem a oportunidade de emplacar novas vendas para melhorar o fraco desempenho no Natal”, afirma Kawauti. O Natal é considerado pelos lojistas a data comemorativa mais importante em faturamento e volume de vendas.