O ex-ministro da Casa Civil, deputado federal cassado e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, José Dirceu, saiu nesta quinta-feira em defesa pela eleição à presidência do Senado de Renan Calheiros (PMDB-AL). Em uma postagem no “Blog do Zé”, mantido pelo ex-ministro, Dirceu atribuiu a uma “ofensiva midiática” e a um “falso moralismo” os protestos de quarta-feira (30) em frente ao Congresso Nacional e a cobertura da imprensa em relação à denúncia do procurador geral da República, Roberto Gurgel contra o senador.

Abaixo o texto publicado no blog do Zé Dirceu.

Tudo indica que o senador Renan Calheiros (AL) será eleito presidente do Senado amanhã e o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), presidente da Câmara na próxima 2ª feira. Ambos são do PMDB e é uma grande bobagem a continuidade dessa campanha da mídia dizendo que o Executivo é que os elege, ou que eles só se elegem por contar com o apoio do Planalto.

Foi o povo que elegeu o Congresso e decidiu, pelo voto, por sua vontade soberana, que PSDB-DEM seriam oposição e minoria e PT-PMDB formariam e dirigiriam uma coalizão majoritaria que, como tal, tem o dever de eleger os presidentes do Senado e da Câmara e, respeitado o critério da proporcionalidade, preencher os demais cargos da Mesa nas duas Casas.

Assim, o que estamos assistindo em relação ao senador Renan Calheiros é, de novo, uma ofensiva midiática dando cobertura a denúncias contra ele concertadas com ações do Ministério Público Federal (MPF) e com intervenções de grupos organizados como aconteceu ontem frente ao Congresso Nacional.

Nada mais que isto, com o objetivo de dividir a base de apoio do governo e continuar com a campanha moralista e udenista. A mesma campanha falso-moralista que  levou o presidente Jânio Quadros ao Planalto (1960) porque ia ???varrer a corrupção???; os militares ao poder porque eles ???combatiam a corrupção e a subversão???; e depois elegeu o presidente Fernando Collor, o caçador de marajás???

Aliás, o símbolo ontem dos manifestantes em frente ao Congresso Nacional era a vassoura. Mudar mesmo fazendo a reforma política e administrativa nem pensar. Estes neoudenistas dos novos tempos se opõem a ferro e fogo ao financiamento público e ao voto em lista. Observem, também, que à frente dessas campanhas de agora há sempre deputados e senadores defensores da mídia e inimigos de qualquer regulação.