Durante a prestigiada 72ª Reunião do Prêmio Nobel de Lindau, realizada de 25 a 30 de junho de 2023 na Alemanha, mais de 600 jovens cientistas de diversos países se reuniram para interagir e aprender com 38 ganhadores do Prêmio Nobel. Entre esses talentosos pesquisadores, quatro brasileiros tiveram a honra de representar o país no evento.
Além da honra recebida, Francisco Isaac Fernandes Gomes, Carolina Victoria Junho, Júlia Teixeira de Castro, Taissa de Matos Kasahara e Gustavo Rosa Gameiro se uniram para redigir uma carta aberta direcionada à sociedade e à comunidade científica brasileira, com o objetivo de evidenciar os desafios da pesquisa e da inovação no país.
No documento, eles destacam preocupações relacionadas aos desafios estruturais enfrentados, como a constante “fuga de cérebros”, na qual talentos valiosos são atraídos por oportunidades de pesquisa e remuneração melhores no exterior.
Outro ponto é a falta de equidade na ciência brasileira, especialmente em posições de liderança. A carta ressalta a importância de criar ambientes de pesquisa que acolham e valorizem todos os cientistas, independentemente de gênero, raça e orientação sexual, bem como proporcionar igualdade de oportunidades em posições de liderança e protagonismo.
A colaboração internacional é apontada como um caminho para aprimorar a qualidade e o impacto das pesquisas. No entanto, pesquisadores brasileiros esbarram em barreiras burocráticas e escassez de recursos que dificultam essa interação.
Ao final do documento, os autores convidam a comunidade científica, acadêmicos, formadores de opinião, mídia e lideranças políticas a trabalharem juntos para “instituir políticas de Estado que permitam um maior acesso a fundos de pesquisa, valorizem instituições de pesquisas locais, diminuam a fuga de cérebros e incentivem a colaboração internacional e regional”.
Gustavo Rosa Gameiro, ex-aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), pesquisador voluntário do CEDEM (Centro do Desenvolvimento de Educação Médica), e um dos brasileiros a participar do Prêmio Nobel de Lindau disse sobre a experiência: “Foi sem dúvida uma das semanas mais intensas da minha vida. Conversando com os laureados [do Prêmio Nobel], percebemos uma grande diversidade de caminhos, por vezes bastante sinuosos, porém com um denominador comum: a curiosidade, a paixão pela ciência e a vontade de impactar a sociedade.”