Registro feito no Legado das Águas ajuda no avanço da ciência para a compreensão da história natural da espécie se tornou um dos registros mais importantes para a ciência compreender os tamanduás-mirim (Tamandua tetradactyla). O vídeo mostra um comportamento de acasalamento dessa espécie na natureza nunca registrado antes. Todo o repertório filmado foi descrito em artigo científico publicado na revista científica internacional Zoo Biology. Além do valor para ciência, o registro reafirma a importância do território do Legado das Águas para as espécies da fauna e da flora da Mata Atlântica. De acordo com a Dra. Alessandra Bertassoni, pesquisadora da espécie e autora principal do artigo, o comportamento registrado é de acasalamento e, pelas posturas, foi possível identificar qual dos indivíduos era o macho. O material foi analisado em câmera lenta para observar cada movimento. Dessa forma, foi possível notar o uso da cauda preênsil para facilitar a união do macho à fêmea para a cópula, fato que é um registro inédito para a espécie. “Na biologia, a preensabilidade é a capacidade de um órgão adaptado, como cauda, dedos, língua etc., para segurar, agarrar. Para animais que vivem em árvores ou tem hábitos arborícolas, as estruturas preênseis são fundamentais, em algumas espécies funciona até como um quinto membro, junto das pernas e braços. No caso do tamanduá-mirim livre em natureza, até então, foi observado que a utilização da cauda preênsil auxilia na movimentação e equilíbrio nas árvores. Mas para facilitar a cópula é inédito, um comportamento impressionante”, explica Alessandra. LEIA TAMBÉM: Você sabia que objetos perdidos nas rodovias são guardados? Contribuição para a ciência Para confirmar que se tratava de um registro inédito, as pesquisadoras analisaram publicações disponíveis na literatura específica sobre a espécie dos últimos 70 anos, sendo encontrado apenas um sobre comportamento reprodutivo para o tamanduá-mexicano (Tamandua mexicana). De acordo com a Dra. Mariana Catapani, co-autora do artigo e também pesquisadora de tamanduás, a maioria das pesquisas para essas duas espécies, que pertencem ao mesmo grupo, são voltadas para morfologia – ciência que se dedica ao estudo da forma e da estrutura dos seres vivos – e doenças dentro de Ciências Veterinárias. “Muitas dessas pesquisas têm como base animais em cativeiro. Por isso, o registro desse comportamento dos animais em vida livre contribui para a ciência compreender a história natural da espécie (estudo científico de plantas e animais em seus ambientes naturais), e até mesmo para o manejo dessas espécies em cativeiro”, explica Mariana. A pesquisadora acrescenta que o artigo com um relato detalhado – incluindo outros comportamentos além do uso da cauda – é uma importante contribuição para diminuir as lacunas de conhecimento sobre o tamanduá-mirim. “Descrever uma sequência comportamental, mesmo a partir de um vídeo curto ou incompleto, pode permitir que os pesquisadores identifiquem novos aspectos e encontrem evidências para apoiar ou refutar hipóteses que se acreditavam bem compreendidas”, diz. Tecnologia e Ciência Cidadã Mamíferos selvagens no geral e animais como o tamanduá-mirim, que tem hábitos noturnos e arborícolas, são difíceis de serem avistados em vida livre. Consequentemente, torna o registro desses comportamentos algo raro, especialmente em florestas tropicais, como a Mata Atlântica, com vegetação densa e fechada. É aí que a tecnologia e ciência cidadã entram em campo. O registro do casal de tamanduá-mirim foi feito com um celular, por Emerson de Jesus Moraes, vigilante de uma empresa prestadora de serviço da Auren, em uma das estradas do Legado das Águas. Para a Dra. Mariana Landis, diretora executiva do Instituto Manacá, parceiro do Legado das Águas, e colaboradora do artigo, capacitar cidadãos para o uso de tecnologias no monitoramento de fauna é uma importante ferramenta da ciência atualmente, resultando em importantes descobertas. “Esse registro do casal de tamanduá-mirim é um dentre muitos exemplos de como a ciência cidadã e a tecnologia são essenciais para a pesquisa científica. Essas ferramentas levam a pesquisa para lugares onde, muitas vezes, os pesquisadores não conseguem acessar. É o que chamamos de registros oportunísticos, que ocorre quando a pessoa estava no lugar certo e na hora certa”, explica a pesquisadora. Mariana também diz que ao investir nessas duas frentes, ciência cidadã e tecnologias, há uma valorização e potencialização do conhecimento das comunidades locais, maior envolvimento dos moradores em ações de conservação, e aumento das possibilidades de registros relevantes para pesquisa científica. “O Legado das Águas é um exemplo de como isso funciona na prática e os seus benefícios. A Reserva, que tem um território riquíssimo em biodiversidade, potencializa seus resultados com essas ferramentas. É um modelo que pode ser ampliado ou implementado em outras Áreas Protegidas no bioma, sejam elas privadas ou públicas”, complementa a pesquisadora. Impacto positivo socioambiental O Legado das Águas realiza, desde 2012, estudos de levantamento de fauna e flora em duas frentes: com pesquisas científica em parceria com instituições de pesquisa e ensino, e organizações como o Onçafari e o Instituto Manacá. Além disso, desde 2019, com a sua equipe própria, que recebe treinamentos constantes para o registro de animais, a Reserva segue com o Programa de Monitoramento Participativo de Fauna, gerando importantes registros. Daniela Gerdenits, gerente do Legado das Águas, diz que a lógica é que descobertas relevantes de fauna e flora se tornam fortes atrativos de interesse não só na Reserva, mas no Vale do Ribeira, estimulando o desenvolvimento de negócios da economia verde. “A pesquisa científica catalisa oportunidades. Há mais de 10 anos trabalhamos sob essa perspectiva, buscando ampliar, cada vez mais, as possibilidades. As parcerias e as iniciativas internas são uma resposta a essa busca. Resultados como esse artigo, colocam em evidência todo o território onde a Reserva está inserida. Uma região onde as oportunidades existem justamente por causa de sua conservação, sendo a exuberância da floresta e a presença de animais e plantas emblemáticos, fortes atrativos para investimento em novos negócios, tendo como pano de fundo a floresta em pé. Estamos muito felizes com essa divulgação, pois ela também reflete o trabalho coletivo em prol da conservação desse bioma”, comemora a gerente. Com o registro do casal de tamanduá-mirim, o Legado das Águas contabiliza nove importantes descobertas e 24 publicações científicas, sendo 15 a partir de projetos desenvolvidos na Reserva, e oito que citam o Legado. Sobre o Legado das Águas do – Reserva Votorantim O Legado das Águas é a maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil. Área de 31 mil hectares divididos entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, no Vale do Ribeira, interior do estado de São Paulo, que alia a proteção da floresta e o desenvolvimento de pesquisas científicas a atividades da nova economia, como a produção de plantas nativas e o ecoturismo. Foi fundado em 2012 pelas empresas CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia. É administrado pela Reservas Votorantim LTDA. e mantido pela Votorantim S.A, que também em 2012, firmou um protocolo com o Governo do Estado de São Paulo para viabilizar a criação da Reserva e garantir a sua proteção. Mais do que um escudo natural para o recurso hídrico, o Legado das Águas trata-se de um território raro e em estágio avançado de conservação, com a missão de estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável. Saiba mais em https://www.legadodasaguas.com.br |
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