Com o avanço das soluções de IA generativa, espera-se que o volume de conteúdos na web seja multiplicado exponencialmente.
Isso traz grandes desafios para as marcas que precisam se conectar com seus potenciais clientes.
Como se diferenciar?
Além de conteúdos que atendam dores e necessidades de forma atrativa e engajante, é preciso trazer altos níveis de expertise e experiência por parte do autor.
Nesse sentido, a equipe de conteúdo de SEO da NP Digital Brasil tinha o objetivo de acelerar o processo de criação de conteúdo através de uma otimização de tempo para permitir um maior investimento de esforços em qualidade.
Por qualidade, queremos dizer aqui: estilo de linguagem, tom de voz, regionalização e expertise e experiência.
A partir disso, desenvolvemos uma hipótese:
“É possível criar um modelo baseado em IA generativa que ‘siga’ o estilo de redação de um cliente para ajudar na criação de conteúdo?“
Assim nasceu o “Client Mode” no ChatGPT.
Ao longo de 5 meses de testes, refinamos esse modelo, aproveitando o aspecto conversacional da plataforma para ligá-lo e desligá-lo conforme necessário.
O processo envolveu 3 etapas principais:
Client Mode 1.0
Criamos os prompts em colaboração com o ChatGPT, padronizando-os com base em exemplos de texto e diretrizes gerais, como tom de voz.
As interações focaram em providenciar um trecho de um texto publicado do cliente, com a questão: “Chat, você pode analisar o tom de voz empregado e criar uma nova versão, imitando seu estilo de escrita?”.
A resposta foi positiva, mas não possuíamos o prompt (comando) em mãos.
Então, neste primeiro passo, outra interação importante foi pedir ao Chat: “Me diga qual prompt preciso escrever para obter esse mesmo tom de voz da próxima vez”, o que ele fez.
Assim, eliminamos a necessidade de repetir toda a conversação novamente.
Client Mode 2.0
A segunda versão surgiu de uma necessidade.
Notamos que o ChatGPT tendia a “esquecer” algumas diretrizes obtidas a partir dos exemplos fornecidos nos primeiros prompts.
Como utilizamos o prompt para escrever o texto ao pouco — normalmente, um prompt por heading — a conversa se estendia bastante e não era incomum que, ao fim, o texto entregue pela IA fosse totalmente descaracterizado.
Aqui, o foco foi em atualizar o modelo, fornecendo novos textos de amostra (dessa vez, trechos menores, que pudessem ser adicionados a cada prompt).
O Client Mode 2.0 foi um sucesso e rapidamente foi integrado ao fluxo produtivo.
Aos redatores, cabia direcionar cada prompt conforme a outline do texto apresentado, detalhando o direcionamento, fornecendo dados para inserção e com cuidadosa edição e fact-checking posteriores — nenhum conteúdo 100% IA jamais passou adiante.
Esse foi um dos cuidados do time de conteúdo ao utilizar o Client Mode.
Client Mode 3.0
Na terceira atualização, adicionamos novos conceitos como ‘explosividade’ e ‘perplexidade’ (do inglês, burstiness e perplexity), refinando ainda mais o modelo.
Tais direcionamentos miravam na busca de textos cada vez mais autênticos e semelhantes àqueles escritos anteriormente (e originalmente) pelo cliente.
Com isso, pudemos notar maior volatilidade nas estruturas frasais — como a alternância entre frases curtas e longas — bem como maior profundidade da IA ao abordar alguns temas.
Assim, em vez de apenas arranhar o tema do artigo/heading com uma escrita mais genérica, a IA passou a entregar mais contexto, com uso frequente de exemplos e melhor explicação dos conceitos apresentados.
Client Mode: Resultados
Os resultados que tivemos no Blog do Neil Patel foram satisfatórios e indicam um futuro promissor.
O Client Mode conseguiu replicar com sucesso o estilo de redação de vários clientes desafiadores — com abordagens em primeira e terceira pessoa, tom de voz mais ‘descolado’ ou mesmo ‘professoral’, bem como aspectos de personalidade.
Em alguns artigos, a IA reduziu em cerca de 30% o tempo de criação de um texto de 2000 palavras de alta qualidade (de 6 para 4 horas). Também adaptamos com êxito o modelo para atualizações de conteúdo antigo.
Alguns dos contrapontos foram as limitações da própria IA — como a necessidade de lembrar periodicamente ao ChatGPT sobre o Client Mode e suas diretrizes.
Na prática, observamos ótimos resultados em relação à visibilidade dos artigos — tanto em blogposts novos, quanto em refreshs dos conteúdos mais antigos.
A seguir, um breve trecho do relatório de posicionamento de URLs do Blog do Neil, em um recorte que considerou os posts de Maio de 2023 a Março de 2024. Nele, destacamos 2 posts: Tráfego Pago e Instagram Stories.
O post de “Tráfego Pago” foi um dos artigos que melhor performou em visibilidade após a escrita com auxílio do Client Mode (sem esquecer da edição humana e fact-checking cuidadoso).
Trabalho semelhante foi feito no artigo sobre “Instagram Stories”, que se acostumou a posicionar-se no top 3 orgânico da SERP dentro de todo o período relatado.
Porém, vale ressaltar: ao criar o Client Mode, o objetivo do time de Conteúdo nunca foi substituir a pessoa redatora, mas oferecer um ponto de partida mais robusto para o desenvolvimento do conteúdo.
Apesar de alguns desafios — como a necessidade de lembretes periódicos sobre as diretrizes do modelo e a qualidade instável para conteúdos acima de 500 palavras — o uso do Client Mode foi um enorme avanço para o uso ético e responsável da IA na produção de conteúdo.
O Client Mode em sua versão 3.0 deixou de ser utilizado logo no Q4 de 2023, quando a OpenAI introduziu uma atualização importante ao ChatGPT: a possibilidade de criar GPTs personalizados, com biblioteca de referências, campo para instruções e possibilidade de incluir ou limitar algumas ações (como web browsing e escrita de código).
O que o time de conteúdo da NP Digital Brasil fez foi criar, tão logo pôde, GPTs que seguiam a estrutura de seus prompts do Client Mode — e até hoje os utiliza na produção de conteúdo ainda mais personalizado e direcionado.
|