Com a crescente popularização dos carros elétricos, a mobilidade elétrica deixou de ser uma tendência futura. A previsão é de que nos próximos anos, a frota de veículos elétricos nas ruas aumente exponencialmente, promovida pela busca por alternativas mais sustentáveis de transporte. No entanto, para que essa transição ocorra de forma eficiente e atenda à demanda crescente, é fundamental expandir a infraestrutura de recarga. Sem uma rede robusta e acessível de estações de carregamento, a adoção em massa dos veículos elétricos pode enfrentar barreiras significativas.

O cenário mundial para o segmento de mobilidade elétrica mostra um avanço maior que o esperado: em 2022 foram vendidos no mundo cerca de 10 milhões de veículos elétricos novos. Na China a expectativa de vendas e market share para 2025 já foi quebrada e nos Estados Unidos, o para veículos elétricos atingiu em 2022 o número de 8%. Para 2024, espera-se no mundo que mais 14 milhões de veículos elétricos novos entrem no mercado.

Alguns mercados novos, como a Índia, vêm crescendo e se espera que os investimentos governamentais, que devem atingir USD 3,2 bilhões, suportem um avanço ainda maior para os próximos anos.

Até mesmo aspectos antes preocupantes, como o fornecimento de baterias para veículos elétricos, tornaram-se menos impactantes, uma vez que os fabricantes deste segmento já informaram que possuem capacidade instalada ou em fase de instalação para atendimento da demanda esperada para o ano de 2030.

O surgimento de novas tecnologias de baterias, que oferecem autonomia elevada e reduzem a demanda de materiais críticos para composição e fabricação, tem sido alvo desta indústria que atenderá a demanda acima. As baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP) e de sódio têm se destacado como grandes aliadas na eletrificação de frotas de veículos elétricos. As baterias LFP são instaladas hoje em cerca de 95% dos veículos elétricos produzidos na China. As de sódio já possuem cerca de 100 GWh de capacidade instalada ou em fase de instalação para produção na China.

 

VEÍCULOS ELÉTRICO RODANDO NO MUNDO EM DIFERENTES REGIÕES

No Brasil, o movimento de eletrificação de frotas também tem sido inevitável, apresentando valores anuais de crescimento mesmo durante o período de pandemia e, em 2023, o crescimento foi de 91% em volume de vendas em comparação ao ano anterior.

Mesmo com todo este crescimento, a infraestrutura de recarga ainda é um ponto que merece grandes investimentos e será um setor onde os atores (governo, sociedade e empresas) deverão atuar de maneira intensa para assegurar maior robustez e confiabilidade aos usuários, de modo a permitir que os veículos elétricos sejam utilizados de forma mais frequente e consigam atender aos anseios dos usuários para trechos urbanos e intermunicipais.

Segundo dados da consultoria McKinsey, no Brasil a maioria dos carregamentos ainda é feito em residências, entretanto, já há uma distribuição para deslocamentos em viagens com veículos elétricos.

Recentes pesquisas mostram que as falhas na infraestrutura de recarga dos veículos elétricos colocam em dúvida a capacidade deste segmento de se firmar no mercado mundial. Tais problemas são enfrentados tanto aqui no Brasil quanto em outras partes do mundo.

Em diversos países ainda existem incentivos para que os usuários possam adquirir os veículos elétricos e para a infraestrutura de recarga, tanto descontos na aquisição do equipamento como nas tarifas de recarga. Recentemente, a província de Ontário, no Canadá, apresentou um programa onde as tarifas podem ser reduzidas a valores de R$ 0,40/kWh durante a madrugada e R$ 6,00/kWh durante os horários de pico.

A disponibilidade operacional dos eletropostos é fundamental para que os usuários adotem a solução de eletrificação veicular de forma massiva. No mundo o número de eletropostos instalados em 2022 era próximo de 25 milhões (privados e públicos), e a expectativa é que este número cresça para cerca de 150 milhões de unidades em 2030. A demanda instalada deve atingir valores próximos de 2 TW para este segmento.

No Brasil, o número de eletropostos instalados em 2024 deve atingir perto de 9 mil unidades, com dados ainda a serem confirmados entre unidades de baixa e alta potências.

IMPACTO NO SETOR DE MOBILIDADE ELÉTRICA

O Centro de Competência Embrapii LACTEC Future Grid é uma iniciativa dedicada à pesquisa, desenvolvimento e inovação em hardware para Smart Grids e eletromobilidade. Ele se destaca por sua capacidade de promover avanços tecnológicos que atendem às necessidades da indústria e da sociedade.

Na linha de pesquisa em eletromobilidade, desenvolvemos projetos de pesquisa em infraestrutura para recarga de veículos elétricos em diversas potências, sistemas de recarga CA e CC em diferentes plugues para conexão, assim como a integração dos carregadores com a rede elétrica, com geração distribuída e armazenamento de energia.

A linha de pesquisa em Smart Grids, consiste em soluções de hardware para aplicações em sistemas elétricos de potência, incluindo sistemas de monitoramento para redes de transmissão e distribuição, e instrumentos para medição e controle de energia e qualidade da energia elétrica, controle de novas fontes, incluindo geração distribuída. Pesquisas de soluções para conectividade aplicada às Redes Elétricas, Cidades Inteligentes e Internet das Coisas (IoT).

O PAPEL DO LACTEC PARA A MOBILIDADE ELÉTRICA

Como um Centro de Competência Embrapii, o LACTEC desempenha um papel fundamental na promoção da mobilidade elétrica. Algumas atividades e contribuições incluem:

  1. Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico: Trabalhando em projetos de pesquisa e desenvolvimento para aprimorar tecnologias de veículos elétricos e infraestrutura de recarga.
  2. Parcerias Estratégicas: Colaborando com empresas e indústrias para implementar soluções inovadoras em smart grids e mobilidade elétrica.
  3. Educação e Capacitação: Formação e capacitação de recursos humanos para PD&I.

Ao estimular a inovação tecnológica e a competitividade das empresas brasileiras no mercado global de energia, o Centro de Competência Embrapii Lactec Future Grid desempenha um papel essencial na transformação do setor elétrico, promovendo a integração de novas tecnologias, a sustentabilidade e a inovação contínua.