Entre a consulta e o like: Como médicos podem se posicionar nas redes sociais com segurança
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O uso das redes sociais tem se consolidado como uma ferramenta essencial para profissionais de diversas áreas compartilharem conhecimento e esclarecerem dúvidas do público.
No entanto, no caso dos médicos, há uma linha tênue entre a disseminação de informações e a autopromoção – e ultrapassá-la pode trazer sérios riscos éticos e legais.
Samantha Takahashi, especialista em Defesa Médica, diz que um dos erros mais comuns no posicionamento digital dos médicos é a falta de conhecimento sobre as normas vigentes.
“Grande parte dos profissionais desconhece a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 2.336/2023 e o manual de publicidade disponibilizado pela Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame), o que os leva a cometer infrações por desconhecimento”, alerta a especialista.
Outro equívoco recorrente é transformar as redes sociais em uma vitrine comercial, focada exclusivamente na divulgação de preços e resultados, incluindo fotos de “antes e depois” de procedimentos – prática permitida de forma limitada pelo CFM, pois pode induzir uma falsa garantia de sucesso nos tratamentos.
Takahashi destaca que a publicidade médica, quando baseada no conceito de branding, agrega valor ao profissional não apenas pelos procedimentos que realiza, mas pela construção de uma identidade que reflita seus princípios e trajetória, mantendo todas as determinações legais.
“Quando o médico entende que as redes sociais – especialmente o Instagram – são uma ferramenta de relacionamento e passa a compartilhar seu dia a dia, dividindo não apenas conteúdo técnico, mas também aspectos da sua rotina, seus valores e história de vida, ele cria uma conexão genuína com os seguidores. Esse vínculo gera confiança, e, consequentemente, faz com que as pessoas desejem ser seus pacientes”, analisa a especialista.
Dessa forma, além de evitar infrações às normas do CFM, a construção de um posicionamento autêntico e alinhado aos valores do profissional tende a gerar resultados mais consistentes.
“Compartilhar seu estilo de vida, sua visão de mundo e reflexões simples, mas relevantes para o público leigo, cria uma aproximação que, no momento da decisão por um tratamento, faz com que esse profissional seja a primeira escolha do paciente”, destaca a advogada.
Rede profissional e regulamentação rigorosa
Nos perfis de cunho profissional, a atenção às regulamentações do CFM deve ser redobrada. O Conselho fiscaliza não apenas o conteúdo publicado, mas também a interação com os seguidores – como elogios em comentários e hashtags –, analisando, de forma subjetiva, se há sensacionalismo ou autopromoção por parte do médico.
“As regras impostas não são objetivas e estão sujeitas a diferentes interpretações. Um exemplo disso é a definição do que seria um post sensacionalista”, explica Takahashi.
A Resolução CFM nº 2.336/2023 proíbe o enaltecimento excessivo da atuação do médico, mas, na prática, essa avaliação depende de julgamentos subjetivos, por exemplo.
“Ainda que a nova regulamentação tenha trazido avanços importantes, algumas diretrizes continuam acompanhadas de restrições rigorosas e subjetivas, o que pode gerar insegurança para os profissionais”, conclui a advogada.
Fonte:
Samantha Takahashi, especialista em Defesa Médica
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