A Câmara Municipal de Americana realizou na segunda-feira (26)

a primeira reunião do Fórum Permanente de Mobilização contra Drogas e Álcool – Prevenção, Divulgação e Assistência Familiar, instituído pelo Decreto Legislativo nº 977/2022, de autoria do vereador Pastor Miguel Pires (Republicanos).

 

A reunião teve como tema principal “Álcool e Drogas: riscos do uso e a importância da prevenção”. Os participantes falaram sobre as experiências de combate ao uso de drogas e sobre a rede de atendimento a usuários no município.

 

Participaram os vereadores Leco Soares (Podemos) e Pastor Miguel Pires, a representante da secretaria municipal de Ação Social e Direitos Humanos e do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes, Mariana Leite Zimermann, a supervisora da Saúde Mental de Americana, Paula Maria Martins Reimão, a diretora da unidade de Educação Básica de Americana, Graciete Pereira da Silva, o coordenador do CAPS Álcool e Drogas e representante do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Álcool e Drogas, Tadeu Donizete Lima, o dirigente regional de ensino de Americana, Haroldo Ramos Teixeira, o comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar do Interior, Tenente Coronel Adriano Daniel, e o presidente do Conselho Municipal de Saúde, José Francisco Lembo, além de representantes de instituições e grupos de atendimento e apoio.

 

Na abertura da reunião, o vereador Pastor Miguel falou sobre o objetivo de criação do Fórum e destacou a importância do trabalho de instituições e órgãos públicos no combate ao consumo de drogas. “Tenho percorrido diversas instituições que cuidam de pessoas em tratamento por dependência química, nós temos diversas casas de recuperação instaladas em Americana e hoje o nosso trabalho neste fórum é ouvir. Dialoguei com a secretaria de saúde, de direitos de humanos, com a diretoria regional de ensino e com especialistas e todos estão aqui hoje representados. Vamos cruzar informações e formular um protocolo único de políticas públicas de enfrentamento ao álcool e às drogas em Americana”, disse.

 

Prevenção e tratamento humanizado

 

A supervisora de políticas de Saúde Mental explicou sobre a estrutura da administração pública e o método de abordagem adotado. “Temos três CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), há psicólogos na rede divididos por territórios, mas o objetivo é colocarmos um por UBS (Unidade Básica de Saúde). Estamos em articulação com a assistência social e também com a polícia militar, num processo de matriciamento. Nossa abordagem tem dois caminhos: por usuários que estão inseridos no sistema, pois vieram até o serviço público, e o outro é pela busca ativa. Esse processo se dá em conjunto com as famílias. Nós dispensamos a presença da força policial nas visitas e eu reforço que precisamos trabalhar a confiança do usuário, livres de preconceito ou julgamentos. Antes de ouvir o outro, precisamos nos ouvir”, apontou Paula.

 

Já a representante da secretaria de Ação Social e Direitos Humanos enfatizou a importância do elo com as famílias. “Conversar sobre esse assunto, que é polêmico e envolve tabus, é o primeiro passo para rompermos barreiras e pensarmos em como avançar. Respeito as forças policiais, mas o nosso trabalho é com a formação de vínculos com as famílias, não é a repreensão. O tráfico é um problema, mas não é todo o problema. Precisamos identificar se o uso e abuso de drogas está relacionado a algum transtorno psiquiátrico, se é algo do contexto, porque a angústia de todos esses aparelhos de saúde e assistência social é que a pessoa, mesmo que seja internada, irá voltar para seus vínculos sociais futuramente, e precisamos ter esse alinhamento com as famílias”, observou Mariana.

 

Durante o encontro, representantes do Narcóticos Anônimos apresentaram dados sobre a atuação do grupo na cidade. “Hoje temos 1529 grupos no país todo, são 12 reuniões semanais em Americana em quatro grupos que atuam em endereços diferentes. A adicção, do nosso ponto de vista, é progressiva, incurável e fatal, mas nosso programa de recuperação se baseia em doze passos e entendemos que todos podem perder o desejo do uso de drogas”, explicaram.

 

Haroldo Teixeira, da diretoria regional de ensino, reforçou o papel da escola no processo de conscientização. “A escola é uma grande cidade onde são todos menores idade. Nós temos os problemas com álcool e drogas também nas famílias dessas crianças, o que reflete na vida dos estudantes. A sociedade está numa situação crítica, as escolas estão abertas para parcerias, como fazemos com o CMDCA e a Polícia Militar, através do Proerd. Temos essas questões no currículo para serem trabalhadas e podemos formar uma grande rede protetiva”, comentou.

 

O vereador Leco Soares, que atua em organização social de assistência a usuários, compartilhou sua experiência na área. “Esse problema não é de agora e nós temos muito ainda a discutir para que possamos começar a amenizar isso. Nós montamos a casa do projeto Jeito de Ser, que acolhe pessoas rejeitadas pelas outras instituições, sempre recebendo doações, sem depender de dinheiro público. A pandemia nos forçou a encerrar esse trabalho de internação, mas hoje a casa abre durante o horário de almoço e para as pessoas poderem tomar banho, trocar de roupa, cortar o cabelo, e isso muda a vida de muita gente. Precisamos de mais união entre as instituições, porque muitas vezes não sabemos para onde encaminhar pessoas que precisam de ajuda”, relatou.

 

Ao final da reunião, o vereador Pastor Miguel propôs uma reflexão sobre o preconceito envolvido no processo de tratamento de usuários de drogas. “Tenho muitas vivências com essa questão e são em muitas situações que vejo o preconceito da sociedade. Nós temos muitas pessoas que criticam, mas o que realmente precisamos é de pessoas que nos ajudem. As pessoas que estão nas clínicas devem ser vistas como pessoas que estão procurando ajuda, que aceitam a assistência para que suas vidas sejam mudadas. E precisamos sair daqui com a proposta de que a prevenção é essencial, todos unidos em um propósito que é a vida e as nossas famílias”, finalizou.

Americana debate drogas e álcool na Câmara

O Fórum

 

O Fórum Permanente de Mobilização contra Drogas e Álcool – Prevenção, Divulgação e Assistência Familiar tem como objetivos reunir informações e dados sobre o número de dependentes no município; discutir e fomentar debates, estudos e propostas legislativas e também sugerir adequações e melhorias nos programas de prevenção, conscientização e combate ao uso de drogas e álcool.

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O fórum tem como missões também a realização de audiências, reuniões, debates públicos e palestras com profissionais voltadas à reestruturação familiar e acompanhamento biopsicossocial, além do acompanhamento de atividades realizadas por comunidades que auxiliam.

 

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