Dia Mundial da Saúde (07/04): na luta contra fake news, profissionais de saúde combatem desinformação com conteúdo confiável
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O acesso à informação tornou-se um importante aliado da saúde global, permitindo que milhares de pessoas ampliem seu conhecimento sobre sintomas, prevenção e cuidados com doenças. Entretanto, a desinformação continua sendo um grande desafio para os profissionais da área. Segundo o Instituto Locomotiva, 88% dos brasileiros já acreditaram em fake news pelo menos uma vez.
Outro levantamento, realizado pelo Poynter Institute for Media Studies, revela que 43% dos internautas não verificam a veracidade das notícias antes de compartilhá-las. Os impactos dessa prática ficaram evidentes durante a pandemia de covid-19, quando boatos sobre vacinas, tratamentos e até sobre a existência do vírus dificultaram o trabalho de médicos e cientistas.
A desinformação não gera apenas confusão, mas também prejudica a relação entre médico e paciente. A clínica e coordenadora médica do Hospital São Marcelino Champagnat, Maria Fernanda Carvalho, alerta que a ausência de fontes seguras pode comprometer diagnósticos e tratamentos. “Informações incorretas podem causar erros tanto na identificação da doença quanto na escolha do método utilizado no tratamento. Por isso, é essencial que o paciente procure sempre fontes que disponham de informações de confiança, de preferência indicadas por especialistas, para evitar erros e garantir a segurança necessária para a própria saúde”, afirma.
Autodiagnóstico: um risco crescente
Nos últimos anos, a internet se consolidou como o principal meio para quem busca respostas rápidas sobre sintomas e doenças. Apesar da vasta quantidade de conteúdos disponíveis, nem todos são confiáveis, e orientações equivocadas podem trazer consequências graves para a saúde pública. A prática de recorrer ao chamado “Dr. Google” preocupa especialistas, já que frequentemente os materiais encontrados não possuem embasamento científico.
“Procurar diagnósticos ou tratamentos on-line, sem orientação adequada, pode prejudicar tanto a saúde física quanto a mental”, explica a médica. “Dependendo das expectativas criadas pelo paciente em relação ao que lê, pode ocorrer piora ou até o desencadeamento de transtornos psicológicos”, completa.
Um reflexo direto desse comportamento é o aumento dos autodiagnósticos. Uma pesquisa da Medscape, com 1.279 médicos brasileiros em atividade, revelou que 83% deles consideram alto o risco quando pacientes utilizam inteligência artificial para se autodiagnosticar.
“Esse fenômeno tem se tornado cada vez mais comum, especialmente no campo das doenças mentais, com pessoas afirmando possuir transtornos psiquiátricos sem confirmação médica”, observa Maria Fernanda. “No caso do TDAH, milhares se autodiagnosticam com base em conteúdos sem rigor científico, fazendo com que muitos acreditem possuir uma patologia que, na verdade, não têm”, avalia.
Profissionais e hospitais na linha de frente
Diante do fácil acesso a todo tipo de informação, o papel dos profissionais de saúde se torna ainda mais relevante — não apenas no atendimento, mas também na conscientização sobre o consumo responsável de informações. “O papel do profissional de saúde está em educar, ensinar e compartilhar conhecimento baseado em evidências científicas”, reforça a médica. “Hoje o paciente tem um papel ativo no seu próprio cuidado, portanto é essencial que busque referências recomendadas por especialistas.”
Hospitais também têm realizado ações para combater esse problema. No Hospital São Marcelino Champagnat, o projeto E aí, Doutor?, lançado em 2022, leva informações seguras à população. “Produzimos vídeos no formato de perguntas e respostas, nos quais especialistas esclarecem dúvidas frequentes sobre diversos temas de saúde”, explica a gerente de Marketing dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, Ana Paula Tabor Druszcz.
“Essa iniciativa reforça nosso compromisso com a medicina de excelência e mostra que, quando os hospitais produzem e divulgam conteúdos de qualidade, é possível garantir o acesso da população a informações seguras, evitando que conteúdos incorretos prejudiquem o bem-estar das pessoas”, comenta.
Entre 2022 e 2025, o projeto já impactou mais de três milhões de usuários nas redes sociais, em 121 edições que abordaram 20 especialidades médicas. “A informação qualificada é fundamental para decisões mais seguras. Ao trabalhar com dados embasados em evidências, promovemos conscientização e reduzimos a desinformação”, finaliza Ana.
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