Larissa Manoela e o transtorno de personalidade narcisista

A repercussão em torno da notícia de que a cantora e atriz Larissa Manoela teria deixado seu patrimônio para os pais/empresários para evitar uma briga judicial no rompimento das relações foi intensa e levantou para falar de diversos fatores ligados ao caso. Um deles é o fator psicológico, a partir da informação de que, supostamente, os pais controlavam as finanças e gastos pessoais da artista até hoje, com 22 anos. A situação pode sugerir um transtorno de personalidade narcisista por parte dos pais de Larissa, uma vez que casos semelhantes já povoaram a mídia no passado, como Michael Jackson, Britney Spears, Beyoncé e outros.

 

As nuances que sugerem tal possibilidade passam por características como vitimização. Ao longo da semana, os pais de Larissa fizeram postagens em redes sociais questionando a ingratidão da filha, por quem renunciaram a suas vidas para criar e cuidar, assumindo o papel de vítimas da situação.

 

Tal conduta vem a reboque de traços específicos, como explica Dra. Julia Trindade, psiquiatra pós-graduada em Neurociências do Comportamento e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria: “Normalmente surgido durante a idade adulta, o transtorno de personalidade narcisista corresponde às pessoas que possuem uma altíssima sensação de grandiosidade de si mesmos, junto de uma forte falta de empatia e grande necessidade de aprovação dos outros. Na maioria das vezes, indivíduos com esse tipo de transtorno precisam de elogios constantes e possuem baixa autoestima”, detalha a especialista.

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Ela defende que, apesar de transtornos desse tipo gerarem relações com o aspecto da vivida por Larissa com seus pais, não necessariamente uma relação tóxica nasce exclusivamente entre pessoas com algum diagnóstico psicológico. “Relações não-saudáveis podem ser desenvolvidas com pessoas sem nenhum tipo de diagnóstico. Assim, vale afirmar que é cabível considerar que um dos pais de Larissa tenha transtorno de personalidade ou, ao menos, alguns traços, mas esse fator não é decisivo para o desenvolvimento de algo tóxico.

 

Sinais de alerta

 

Para Dra. Julia, há três sinais de alerta a serem observados e considerados nesse contexto.

1-Desqualificação

“Em relações tóxicas, a vítima é desqualificada através de mentiras e afirmações como ‘isso nunca aconteceu’, além da sensação injusta de pertencimento por meio de chantagens, por exemplo: ‘eu abri mão da minha vida pela minha filha, então, é justo que eu fique com o dinheiro!'”.

 

2-Invalidação quando criança

“Os transtornos presentes na idade adulta podem ser impactados pela invalidação dos pais durante a infância”.

3-Violência psicológica disfarçada

 

“A situação de violência psicológica muitas vezes é interpretada como ações de amor e cuidado, o que torna ainda mais confuso o processo de interpretação dos fatos por parte da vítima”.

 

Por fim, a psiquiatra reforça a necessidade de estar alerta aos sintomas. “Conforme dito, uma relação disfuncional nem sempre tem relação com os transtornos de personalidade ou pais narcisistas. Logo, o primeiro passo é buscar por fontes seguras de ajuda, para descobrir o que está realmente acontecendo e qual o tratamento adequado”, finaliza Dra. Julia.

 

Larissa Manoela e o transtorno de personalidade narcisista

 

Dra. Julia Trindade | Psiquiatra

drajuliatrindade

  • Médica Psiquiatra – CRM 24363 – RQE 1489
  • Formada em Medicina pelo Universidade Federal de Pelotas, e Psiquiatra pela Universidade Federal de Santa Maria.
  • Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria.
  • Pós-graduada em Neurociências do Comportamento pela PUCRS.
  • Especialista em Terapia Dialética Comportamental.
  • Certificada pela Harvard Medical School em General Pschychiatric Management for Borderline Personality Disorder.
  • Possui formação em Mindfulness para saúde do Instituto BreathWorks.
  • Especialização em andamento em autismo.
  • Projeto Farmacologia Aplicada à Medicina para o tratamento de paciente com TEPT (Transtorno do Estresse Pós-traumático)
  • Psiquiatra Geral e da Infância e Adolescência na Rede Municipal de Biguaçu de 2017 a 2019 Curso de manejo de pacientes na emergência psiquiátrica.

 

 

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