A queda do preço das passagens de avião em mais de 17%,
segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado na primeira semana de junho, deve aquecer ainda mais o setor do turismo no período de férias escolares. Como consequência, com o aumento de passageiros vem a preocupação da segurança do despacho das bagagens. Afinal, o que pode ser feito para evitar casos como o das brasileiras que foram presas injustamente na Alemanha após terem suas malas trocadas?
A resposta pode estar na tecnologia Blockchain, um mecanismo de banco de dados avançado que permite que companhias façam registros de bens e informações de forma confiável e imutável. A solução é apontada pelo executivo Alan Kardec, COO da Blockchain One, empresa especializada na modelagem de negócios baseados em tecnologia blockchain. Na entrevista abaixo, ele explica que um sistema de rastreamento de bagagens baseado em blockchain poderia emitir um identificador único das malas, contendo as informações de volume, itens, fotos, localização, rastreabilidade, números seriais e diversas outras, que uma vez criptografado na blockchain não seria possível fazer qualquer alteração, o que ajudaria no processo de identificação da bagagem.
“Na prática, a segurança é tanto para a companhia aérea quanto para o passageiro”, afirma o executivo. De acordo com ele, “todas as informações seriam registradas em uma blockchain e a partir desse momento, em cada movimento da bagagem, a companhia poderia checar se ouve alteração das informações em tempo real. Na eventual troca de etiquetas, como o ocorrido com as brasileiras, ficaria muito mais fácil validar a informação de um conteúdo verificando a autenticidade”, continua.
Veja na entrevista abaixo como a tecnologia poderia ajudar passageiro e companhia aérea:
1 – Como a tecnologia blockchain pode ser usada para garantir a segurança de bagagens?
Alan Kardec – A tecnologia blockchain também pode ser usada para garantir a integridade dos dados e informações relacionadas a bagagens antes do despacho. Uma das maneiras seria através da criação de um sistema descentralizado e seguro de rastreamento, que estou chamando de “despacho criptografado”. Um sistema de rastreamento de bagagens baseado em blockchain que emitiria um identificador único. Essa informação seria registrada em um bloco de uma das diversas redes blockchain, seja ela pública ou privada, contendo as informações de volume, itens, fotos, localização, rastreabilidade, números seriais e diversas outras, que uma vez criptografado na blockchain, não seria possível qualquer alteração daquelas informações.
Americana busca incrementar turismo
2 – Essa solução já está disponível no mercado? O quão fácil seria para uma pessoa encontrá-la e utilizá-la?
Alan Kardec – Utilizando as API’s DocStone (www.docstone.host) de forma gratuita, por exemplo, as companhias aéreas poderiam experimentar implementar modelos de “despacho criptografado”, adotando a tecnologia blockchain em seus sistemas pré-existentes. Desta forma, na hora de realizar o check-in, o passageiro poderia optar por criptografar sua bagagem informando diversas peculiaridades que esteja transportando e que sejam de fácil identificação pessoal. Por mais que alguém trocasse as etiquetas, bastava consultar a base de dados com o hash da transação que constam os dados informados.
3 – Poderia falar um pouco mais sobre como funcionaria o uso na prática?
Alan Kardec – Por meio de uma identificação única e imutável de despacho criptografado. Quando um usuário pode informar peculiaridades da sua bagagem, incluir fotos diversas de itens ou características, incluir localizador de seu local de saída e informar um itinerário mínimo de sua chegada, todas as informações seriam registradas em uma blockchain e a partir desse momento, em cada movimento da bagagem, a companhia poderia checar se ouve alteração das informações em tempo real. Na eventual troca de etiquetas, como o ocorrido com as brasileiras, ficaria muito mais fácil validar a informação de um conteúdo verificando a autenticidade do hash com as informações lastreadas a ele.
4 – Esses registros em blockchain, seja fotos ou chips, já são aceitos como provas em processos e/ou investigações?
Alan Kardec – Os registros em blockchain podem ser úteis para compor um processo de investigação, mas não necessariamente únicos para resolvê-los. Até porque, isso entra na área de assuntos jurídicos que podem considerar diversos outros fatores de culpa ou inocência. Contudo, existem esforços interesses para incluir cada vez mais a tecnologia blockchain como prova em investigações judiciais. Uma das principais vantagens de utilizar a tecnologia blockchain como mais um sistema de segurança nessas transações, é o fato de ela emitir um registro imutável e transparente de todas as transações registradas. Isso pode ser extremamente valioso em casos em que seja necessário estabelecer uma cadeia de custódia ou comprovar a autenticidade de um registro.
5 – Quais cuidados tomar ao procurar soluções de segurança que usam blockchain?
Alan Kardec – Primeiro, é importante deixar claro que não estamos falando de criptomoedas, mas, de uma tecnologia que também é utilizada nesse universo, portanto, cautela e muita informação ao considerar utilizar um sistema baseado em criptografia. Pesquise sobre a empresa ou sobre o pool de parceiros por trás da solução. Avalie a tecnologia subjacente, pois nem todas as soluções de blockchain são criadas iguais, e é importante avaliar a tecnologia subjacente por trás da solução para garantir que ela seja escalável, segura e eficiente. Neste caso, o interessante seria que as companhias aéreas adotassem cada vez mais, modelos descentralizados e compatíveis com a web 3.0.
Siga o Novo Momento no Instagram @novomomento