“A Ginástica Rítmica está numa posição de destaque mundial”, avalia Vera Miranda, ex-técnica da Seleção Brasileira da modalidade
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Modalidade inspirada nos elementos do balé, dança teatral, resultante de uma combinação de elementos de música, arte e aparatos, a ginástica rítmica nas Olimpíadas de Paris acontece de 8 a 10 de agosto de 2024, na Arena Porte de La Chapelle. No total, 94 ginastas competirão, sendo 24 atletas individuais e 14 grupos, com cinco atletas em cada.
O Brasil garantiu sua vaga olímpica na modalidade em conjunto no Campeonato Mundial de Valencia, em 2023, além de uma vaga no individual geral, conquistada por Bárbara Domingos, na mesma competição. O melhor resultado do Brasil em Olimpíadas foi o oitavo lugar em conjunto em Sydney 2000 e Atenas 2004. Na última edição, em Tóquio 2020, a equipe terminou na 12ª colocação.
Na avaliação de Vera Miranda, ex-técnica da Seleção Brasileira com atuação durante 10 anos, o desempenho da Ginástica Rítmica está muito bom. “Tem sido realizado tudo que uma seleção de ponta precisa, como: intercâmbio constante com as principais equipes mundiais, relacionamento da técnica brasileira com técnicas estrangeiras e bons patrocínios com apoio total da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG)”, afirma a professora de Educação Física, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, que dedicou grande parte de sua vida ao desenvolvimento e aprimoramento da ginástica rítmica.
Vera foi ginasta de Seleção Brasileira, obtendo o 13º lugar no Campeonato Mundial de Rotterdam, na Holanda, competindo em conjunto. Foi técnica da Seleção Brasileira durante 10 anos; membro do Comitê Técnico da Confederação Brasileira de Ginástica e, posteriormente, Presidente deste Comitê.
Ela observa que a prática da modalidade tem avançado no país. “Especialmente por conta da motivação que a Seleção Brasileira cria nas praticantes e técnicas da Ginástica Rítmica”, afirma. Quanto ao reconhecimento e respeito da prática, ela pontua que isso ocorre devido ao sucesso alcançado pela equipe. “A seleção brasileira chegou a um nível das melhores equipes mundiais, mas há ainda um longo caminho indefinido para as equipes brasileiras em geral”, sinaliza.
Quanto a expectativa em relação a participação das brasileiras nas Olímpiadas de 2024, Vera explica que a Seleção de Ginástica Rítmica tem demonstrado, em torneios e competições internacionais, estar pronta para disputar bem. “Deve estar entre as 8 melhores do mundo. Entretanto a modalidade lida, nos seus exercícios, com muitos riscos corpo/aparelho, o que torna difícil a precisão de uma classificação”, explica. Sobre as principais adversárias do Brasil, ela elenca: Israel, Bulgária, China, Espanha, Itália e França.
Precursora do balé na ginástica
Vera Miranda é considerada a precursora em introduzir o balé à ginástica rítmica para preparação física. “Notei isso quando era ginasta da Seleção Brasileira, no início dos anos 70, quando as principais equipes faziam seus aquecimentos nos campeonatos com o balé clássico. Isto me fez estudar o balé para aplicar nas minhas ginastas. Como presidente do comitê técnico dei cursos pelo Brasil mostrando a importância do balé na preparação técnica”, detalha.
Ela explica que o balé melhora a execução dos movimentos e seus acabamentos. “Especialmente nos giros nos pivôs e exercícios de equilíbrio dinâmicos, imprescindíveis numa série de ginástica rítmica”, ressalta.
Estrutura e desafios
A Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica tem atualmente excelente apoio em todos os sentidos, como uma equipe interdisciplinar, a estrutura e suporte para as atletas, na avaliação de Vera. “Entretanto é muito incipiente o apoia da modalidade nos Estados, de uma maneira geral, para as condições de treinamento necessárias. Afinal, existem talentos em todo o país, e sem um trabalho adequado, os talentos se perdem”, sinaliza.
Apesar da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica estar numa posição de destaque mundial, com um excelente apoio em todos os sentidos pela CBG e seus patrocinadores, Vera Miranda observa que existe uma grande falta de apoio nos Estados que praticam a modalidade. “Acho que a falta de apoio/patrocínios neste esporte tão bonito é um fator fundamental que impede a formação de grandes equipes nos estados com a revelação de novos talentos”.
Quem é Vera Miranda
Vera Lucia de Castro e Silva Miranda – ou Prof. Vera Miranda, como é conhecida – nasceu no Rio de Janeiro, é Professora de Educação Física formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e teve grande parte de sua vida dedicada a Ginástica Rítmica. Foi ginasta de Seleção Brasileira, obtendo o 13º lugar no Campeonato Mundial de Rotterdam, na Holanda, competindo em conjunto. Mais tarde foi técnica da Seleção Brasileira durante 10 anos, membro do Comitê Técnico da Confederação Brasileira de Ginástica e, posteriormente, Presidente deste Comitê.
Tem formação completa em balé clássico, base para o treinamento de alto nível da GR. Ministrou cursos técnicos e de arbitragem em quase todos os estados do Brasil, inclusive no Norte e Nordeste, trabalhando, na época, para o desenvolvimento da GR naquelas regiões. Teve várias atuações como Árbitro Nacional e Internacional de GR, viajou por diversos países onde participou de competições, treinamentos, encontros, cursos e estágios.
Foi responsável pela formação de algumas gerações de ginastas brasileiras e sempre adepta de um treinamento intensivo mas com o máximo cuidado com a saúde física e psicológica das atletas. Pela sua personalidade, competência, simpatia, alegria e vivência no esporte, cada ginasta que treina passa a ser sua amiga e admiradora e, quase todas, até hoje, mantém frequentes contatos.
*Vera Miranda é uma porta-voz sobre a Ginástica Rítmica nas Olimpíadas. Informações (telefone e/ou e-mail)
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