Se a sala fosse um grande livro de histórias, as estantes, certamente,

reuniriam as principais memórias. Pontos de encontro não apenas de aparelhos eletrônicos, como a TV e os decodificadores, os conjuntos compostos por nichos, prateleiras, painéis e até módulos fechados (que conhecemos como racks) podem receber de tudo um pouco, das menores caixinhas e porta-coisas aos imponentes vasos, esculturas e obras de arte.

Ocupando as paredes mais impactantes da área social, observadas à primeira vista, dividindo ambientes, sem compartimentá-los ou, simplesmente, decorando e organizando os espaços, as estantes voltam à cena como protagonistas. Mas esqueça configurações convencionais, que abriram caminho para os materiais mais arrojados, caso da serralheria, estruturas translúcidas, desenhos fluidos e um visual moderno em total sincronia com as salas e os ambientes multifuncionais dos novos tempos.

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Segundo Karina Alonso, arquiteta e sócia-diretora da SCA Jardim Europa, loja paulistana referência em móveis e soluções sob medida, as estantes apresentam uma nova óptica, acompanhando a evolução do morar. “Tão importante em livings e áreas sociais, elas voltaram a ocupar um status nobre, especialmente para quem não abre mão de ter uma casa prática e organizada, com soluções que valorizam as memórias afetivas e as peças de história das famílias”, afirma.

Há uma diversidade de configurações, materiais e acabamentos, por isso cada detalhe é essencial na hora de definir como será composta a estante personalizada da sala. Karina Alonso, da SCA Jardim Europa, enumerou alguns cuidados sobre o assunto.

Por onde começar

O primeiro passo para determinar como será a estante é realizar uma avaliação cautelosa da rotina dos moradores e dos objetivos do móvel, que pode ser, principalmente, decorativo, ou resolver uma necessidade do ambiente. “É imprescindível ter um ótimo briefing, descrevendo tudo o que será guardado ou exposto na estante, que lugar ela ocupará no ambiente, quais materiais combinam com a proposta do projeto, além de layout, medidas etc.”, enumera Karina Alonso, da SCA Jardim Europa.

Qual a composição da estrutura: metal, madeira ou uma mistura de ambos? As prateleiras serão simétricas ou assimétricas? Terá um conjunto de nichos abertos e fechados? A estante vai armazenar apenas livros ou também exibirá outras coleções, objetos, telas ou quadros? A TV precisará ser contemplada, pois se trata de um living com função de sala de TV? Essas e outras diferentes perguntas precisam ser respondidas antes do projeto da estante começar a ser desenvolvido. E é a partir dessas decisões que o móvel vai ganhando papel de protagonista ou não no ambiente.

Estantes que brilham no décor

Neste apartamento onde tudo é integrado, a estante, da SCA Jardim Europa, tem uma configuração estratégica, pois atende diversas áreas. Há nichos fechados e abertos, que também reúnem tamanhos variados para esconder alguns itens e revelar outros, inclusive expor as plantas preferidas do jovem morador. A peculiar assimetria do móvel se destaca, conferindo dinamismo e surpresa à sala. Projeto de Denise Barretto | Foto: Rômulo Fialdini

 

Materiais À Disposição

Revestimento melamínico, folha de madeira natural, madeira ripada, laca, vidro, estrutura de MDF ou de alumínio. A quantidade de materiais é vasta e, nesta lista, também entram os tipos de ferragens para aberturas de gavetas e portas, modelos de puxadores etc. É essa seleção que ajuda a dar forma à estante, definindo não só o estilo, a funcionalidade do móvel, como também o orçamento. “Mas o material eleito deve considerar as rotinas da casa e a composição da família. Um ambiente com crianças, por exemplo, pede itens mais fáceis de limpar, sem pontas ou quinas perigosas, entre outros cuidados”, explica Karina, da SCA Jardim Europa.

 

 

Com ares romântico e clássico, a sala deste apartamento mudou radicalmente. O cinza, em contraste ao papel de parede estampado, deu o tom da estante com nichos simétricos abertos e módulos fechados por portas almofadadas, sem puxador aparente. Em busca de elegância, a arquiteta Ana Rozenblit, da Spaço Interior, elegeu o acabamento laqueado | Foto: Kadu Lopes

Volumetria, Dimensões e Fixação

O estilo do ambiente, o espaço disponível e o que será organizado são condicionantes que definirão a volumetria e as proporções da estante. Há quem prefira levar o móvel até o teto, ocupar a parede inteira ou, pelo contrário, criar uma peça mais baixa, delicada e discreta. “É a partir desse conjunto de prioridades que começamos a projetar a volumetria, determinar alturas, larguras e profundidades de prateleiras, nichos e demais módulos”, explica Karina. “O tipo de fixação e a dimensão das prateleiras, por exemplo, será definido ao sabermos o que será exposto ou guardado. Livros maiores, que costumam pesar mais, pedem prateleiras com maior espessura, assim como um cuidado diferente tanto na estrutura da estante como na montagem e fixação”, alerta a diretora da SCA Jardim Europa.

 

 

Atração da área social, em que sala, varanda, home office e cozinha estão conectados, a estante, da SCA Jardim Europa, revela uma combinação assimétrica e elegante de materiais. Além do uso do cinza e da madeira clara, as portas com palhinha conferem um caráter singular ao mobiliário, que não segue até o teto e tem desenho do arquiteto Pietro Terlizzi | Foto: Guilherme Pucci

 

Neste apartamento, em que a cozinha fica voltada para a sala, a arquiteta Pati Cillo recorreu à estante vazada para separar os espaços, sem isolá-los totalmente. O móvel reúne uma bancada de madeira clara, complementada por módulos pretos, com portas de fecho-toque, além de prateleiras suspensas de alumínio e madeira, fixadas no teto | Foto: Mariana Orsi