PASTORES QUE A SI MESMOS SE APASCENTAM
Nesta semana, a grande “novidade” das redes sociais foi o “pastor” nas ruas de uma grande cidade brasileira “disfarçado” de mulher. Uma cena grotesca e sem muito sentido.
Não é de hoje que tenho ousado fazer críticas aos “pastores” oriundos do mundo pentecostal e, sobretudo, neo-pentecostal. Via de regra, são “pastores” que nunca estudaram teologia ou leram um livro na vida. As igrejas pentecostais e neo-pentecostais são conhecidas por não se preocuparem quase nada com a formação de seus ministros. Muitos deles são como “rochas submersas, …pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades”. Pastores que prestam um desserviço ao ministério pastoral e à simplicidade do evangelho. Não são dignos de serem chamados pelo nome de pastor.
Neste sentido, o pentecostalismo prestou um desserviço à igreja evangélica brasileira. Embora o preparo intelectual e acadêmico não seja garantia de bom caráter, a igreja não pode abrir mão deles. Sou ministro presbiteriano. Com 19 anos de idade, saí de minha bela Ipanema, MG e vim para Campinas, SP estudar teologia. Foram quatro anos inesquecíveis de aprendizado, tendo contato com as línguas hebraica e grega; com a teologia, a sociologia, a psicologia etc. Depois de quatro anos, produzi uma pequena dissertação, uma exegese de algum texto bíblico, pregando um “sermão de prova” e passando por um exame, crivado de perguntas. Ao todo, foram cinco anos de preparo, até ser ordenado ministro presbiteriano. E tudo isso não é garantia na preparação de um pastor. A tese é simples. Para ser médico(a) tem que estudar. Para ser advogado(a) tem que estudar. Para ser professor(a) tem que estudar. E, sobretudo, para ser pastor, tem que estudar e muito.
Que as igrejas levem a sério a preparação de seus pastores. No Brasil, já passou da hora dos nossos legisladores produzirem minimamente uma lei regulamentando a formação de pastores, observando o princípio de separação entre Igreja e Estado. Ou vamos conviver com situações como a do tal pastor que nunca foi pastor de verdade.
É isso!

Rev. Ailton Gonçalves Dias Filho
Pastor Presbiteriano
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